Os grandes gestores globais estão em busca de dinheiro, e não importa onde ele está. Agora, a tendência é procurar por ativos privados para “listá-los” por meio de Exchange Traded Fund (ETFs).

Com isso, os gigantes do mercado têm o potencial de abrir o mundo do “varejo” para investidores de todos os tipos. Além disso, a iniciativa também poderia canalizar mais dinheiro para uma classe de ativos que está lutando para se manter em crescimento após anos de constante expansão.

Nessa disputa, a gestora britânica BlackRock parece estar mais perto da linha de chegada. Com US$ 10,5 trilhões sob gestão, a companhia vem se movimentando para entrar nesse mercado antes de concorrentes como o Goldman Asset e a Invesco. A aquisição do Preqin, por US$ 3,2 bilhões e da Global Infrastructure Partners, (GIP), por US$ 12,5 bilhões, ocorreram com essa intenção.

O próprio CEO da gestora, Larry Fink, afirmou que adquiriu o Preqin, provedor de dados sobre ativos alternativos, com a ambição de “indexar os mercados privados”. Com isso, a BlackRock acredita que pode trazer os princípios de indexação e iShares, seu braço de ETFs, para a indústria.

“O formato de ETF para ativos privados pode ser muito importante para os investidores no futuro”, disse Samara Cohen, CIO de ETFs e investimentos em índices da BlackRock à Bloomberg. “Pensamos muito sobre qual é a extensão de nossas capacidades de ETF e indexação que construímos para os mercados privados.”

A CIO deixa claro que o projeto não deve ocorrer no curto prazo, já que existem muitos desafios nesse caminho. Mesmo esses gigantes dos investimentos precisarão superar uma série de obstáculos, principalmente regulatórios, antes de conseguir incorporar ativos como imóveis e empresas pré-IPO no formato de ETF.

Porém, com o mercado privado sendo avaliado em mais de US$ 13 trilhões e boa parte desse montante correndo para os ETFs em detrimento dos fundos tradicionais, a motivação para ultrapassar esses desafios é grande.

Além da BlackRock, a gestora Invesco também está de olho nesse prêmio. “O processo não será tão linear quanto comprar um monte de edifícios e colocá-los em um ETF”, disse Doug Sharp, chefe de Américas e EMEA da Invesco, que confirmou os planos da empresa de investir em ETFs privados. “Eu esperaria inovação nesse espaço, mas o caminho até lá é um pouco menos claro.”

Enquanto isso, a Apollo Global Management, gestora de ativos alternativos de US$ 671 bilhões, afirmou que planeja vender crédito privado por meio de canais de varejo, incluindo ETFs. O Goldman Sachs Asset Management também disse estar avaliando como um ETF de ativos privados poderia funcionar.

“Por definição, alternativas são ilíquidas e os ETFs, o núcleo de tudo isso, são líquidos”, disse Marc Nachmann, chefe global de gestão de ativos e patrimônio do Goldman Asset. “Acho que muitas pessoas, incluindo nós, estão pensando sobre como isso poderia funcionar.”

Atualmente, existem pelo menos 15 ETFs que buscam oferecer exposição a mercados privados nos EUA, de acordo com o J.P. Morgan, mas eles fazem isso principalmente de forma indireta, visando ofertas públicas iniciais e veículos de aquisição de propósito específico.

BlackRock em outras disputas

Além dos ETFs, a BlackRock está de olho em outras iniciativas no mercado de capitais. Em junho, a gestora se uniu a Citadel Securities e afirmou que quer criar uma nova bolsa de valores no Texas, que iniciaria as negociações em 2025 e teria a sua primeira listagem (IPO) em 2026.

A Bolsa de Valores do Texas (TXSE) surge de um descontentamento dos grandes gestores com os custos regulatórios crescentes vistos na Nasdaq e na NYSE, em Nova York, e com regras mais recentes como a definição de metas para a diversidade do conselho na Nasdaq.

A bolsa planeja apresentar documentos de registro à SEC (a comissão de valores mobiliários dos EUA) ainda este ano, disse o CEO da empresa James Lee ao The Wall Street Journal.