De caçadora à caça. Uma das principais referências no mundo dos microprocessadores, a Intel perdeu o bonde da história, ficando para trás em relação à concorrência e se tornando atualmente alvo de outras companhias e fundos.

Agora, quem está interessada na companhia é a Apollo Global Management. Segundo uma reportagem da Bloomberg, a gestora, que conta com US$ 72,4 bilhões em ativos sob gestão, propôs realizar um investimento “multibilionário” na Intel.

De acordo com a agência, a Apollo indicou nos últimos dias que está disposta a realizar um aporte de cerca de US$ 5 bilhões, com características semelhantes a um investimento em capital.

A notícia está animando os investidores. Por volta das 9h10, as ações da Intel subiam 5,35% no pré-mercado, na Nasdaq, a US$ 22,97.

A Apollo não é a única a ter demonstrado interesse na Intel. Na sexta-feira, 20 de setembro, o The Wall Street Journal publicou, com base em informações de fontes, que a Qualcomm abordou a concorrente para discutir uma incorporação, no que seria um dos maiores e mais importantes deals dos últimos anos.

O aumento das especulações a respeito do futuro da Intel é resultado dos erros cometidos no passado. Pioneira e mais importante empresa de chips no mundo na década de 1990, com seus produtos em praticamente todos os computadores e servidores do mundo, a companhia não conseguiu acompanhar a evolução do mercado.

A Intel perdeu espaço para rivais asiáticos na corrida para desenvolver microprocessadores mais potentes com transistores menores. A empresa também não conseguiu fazer com que seus produtos fossem a principal escolha para as fabricantes de smartphones e sentiu os efeitos da decisão da Apple de não usar mais seus chips em seus produtos, em 2020, além de enfrentar o desafio da queda nas vendas de computadores nos últimos anos.

Como agravante, a companhia não acompanhou a revolução da Inteligência Artificial (IA), que alterou a demanda do mercado por chips. A tecnologia aumentou a procura pelas chamadas Unidades de Processamento Gráfico (GPU, na sigla em inglês), cujo principal expoente é a Nvidia, capazes de dar conta do trabalho exigido pela IA, enquanto a Intel está mais concentrada em centrais de processamento (CPU, na sigla em inglês).

Para tentar virar o jogo, a Intel colocou em marcha, em 2022, um plano que incluía aquisições, como a da israelense Tower Semiconductor, por US$ 5,4 bilhões, e a intenção de investir mais de US$ 100 bilhões em fábricas de semicondutores, algo que ainda pretende alcançar, com o apoio do governo dos Estados Unidos.

Mas os custos altos e a falta de resultados positivos até o momento, além da clara sensação de que a companhia ficou para trás quando o assunto é IA, fizeram a Intel perder quase metade do valor que tinha há três anos. A companhia é avaliada atualmente em US$ 94,4 bilhões, com as ações acumulando queda de 54,3% no ano.

Em agosto, depois de ter novamente divulgado resultados decepcionantes, a Intel anunciou mais plano de reestruturação, com a intenção de reduzir US$ 10 bilhões em custos. Além do corte de 15% do quadro de funcionários, a companhia anunciou a suspensão do pagamento de dividendos.

A companhia também tem buscado parceiros para se reerguer. Na segunda-feira, 16 de setembro, a Intel anunciou com a Amazon Web Services um coinvestimento em projetos de processadores personalizados voltados para IA.