Uma das integrantes das chamadas “junior oils”, a brasileira Prio abriu os cofres ao anunciar a aquisição da fatia de 40% da companhia chinesa Sinochem no Campo de Peregrino, localizado na Bacia de Campos, em um acordo de US$ 1,91 bilhão.

Pelos termos da transação, que ainda está sujeita à aprovação do Conselho de Administração de Defesa Econômica (Cade), a empresa vai desembolsar US$ 191,5 milhões na assinatura do contrato. O valor restante, de US$ 1,72 bilhão, será quitado na conclusão da compra.

A aquisição será financiada com o próprio caixa da companhia. E, com todos os trâmites finalizados, a estatal norueguesa Equinor, que também precisa dar seu aval ao acordo, manterá sua participação de 60% no ativo. A Prio, por sua vez, vai ampliar sua produção em cerca de 35 mil barris por dia.

Em relatório, o Itaú BBA observou que a aquisição marca uma “jornada transformadora” para a Prio, pois, além de ampliar sua produção em 45%, cria uma opção relacionada a uma futura aquisição do controle do ativo.

“Além disso, mesmo com uma participação não-operacional, a Prio será capaz de capturar sinergias significativas na retirada e na comercialização de petróleo bruto”, escreveu o time de analistas liderado por Monique Greco Natal.

Com uma estimativa de que a transação possa gerar uma taxa interna de retorno de 29% e um valor presente líquido de US$ 637 milhões, o Itaú BBA aproveitou para reforçar a recomendação de compra para o papel e elevar o preço-alvo da ação em 2025 para R$ 71, ante R$ 61 para este ano.

O BTG Pactual, por sua vez, divulgou relatório destacando que os “ousados criam sua própria sorte”, ao falar sobre a confirmação do acordo que já era alvo de intensas especulações. E ressaltou que, embora a oferta tenha vindo acima do que era previsto, o valor líquido real a ser pago será de cerca de US$ 1,7 bilhão.

No documento, o banco também pontuou que o acordo deve aumentar imediatamente a capacidade de produção de petróleo da companhia em aproximadamente 40% assim que for concluído.

“A alavancagem da Prio deve aumentar para 1,5 vez levando-se em conta apenas o desembolso de caixa, e excluindo o Ebitda dos últimos 12 meses do campo de Peregrino, o que significa que o balanço patrimonial da empresa permanecerá robusto”, escreveram os analistas Henrique Pérez e Thiago Duarte.

A dupla observou que planeja incorporar em breve os dados do campo de Peregrino a essa equação, mas destacou que a visão inicial é de que os números terão um impacto líquido positivo em sua avaliação potencial do ativo.

“A empresa também abordou sinergias comerciais e perdas acumuladas, sobre as quais esperamos aprender mais com a administração. Mais importante, acreditamos que a meta de taxa interna de retorno não alavancada de 20% está bem ao nosso alcance”, afirmaram os analistas.

O BTG também mencionou que a falta de mais detalhes sobre o campo e o crescente número de projetos no pipeline da Prio levantaram preocupações entre alguns investidores sobre a capacidade da empresa de gerenciar esses próximos desafios.

“Embora reconheçamos esses riscos, acreditamos que a reação do mercado foi exagerada e reiteramos nossa visão de que Pelegrino pode ser transformador para a Prio”, escreveram os analistas, que têm recomendação de compra e preço-alvo de R$ 76 para a ação.

Os papéis da Prio estavam sendo negociados com alta de 2,3% na B3 por volta das 12h15. No ano, as ações acumulam uma desvalorização de 2,1% e a empresa está avaliada em quase R$ 39 bilhões.