No momento em que o agronegócio passa por um período delicado, tendo como ponto mais baixo o pedido de recuperação judicial da Agrogalaxy, o BB Investimentos vê a Boa Safra Sementes distante dos problemas do segmento.

Para a analista Georgia Jorge, a empresa está segura em termos financeiros, possui produtos inovadores e segue bem posicionada para aproveitar a perspectiva de crescimento do agro nos próximos anos.

O BB Investimentos deu início à cobertura das ações da Boa Safra com recomendação de compra. A analista estabeleceu o preço-alvo em R$ 20,80, o que representa um potencial de alta de 68,1% em relação ao valor em que o papel SOJA3 fechou o pregão de segunda-feira, 7 de outubro.

“Nossa visão é de que a tese de investimento da Boa Safra consiste na captura do seu potencial de crescimento, estando em uma fase do seu ciclo de vida marcada pela intensificação dos investimentos visando elevar sua participação de mercado e tornar-se mais relevante no mercado de sementes”, diz trecho do relatório.

Segundo a analista do BB Investimentos, apesar das perspectivas de curto prazo seja mais desafiador para o setor de insumos agrícolas, por conta da queda do poder de consumo do produtor rural, por conta da elevação dos preços dos insumos em razão da Guerra da Ucrânia, combinada com a diminuição dos preços das commodities nos últimos dois anos e a mais recente quebra da safra 2023/24, a Boa Safra tem apresentado resultados positivos.

Um dos pontos positivos é o nível de alavancagem financeira, com a relação entre dívida líquida e Ebitda permanecendo praticamente estável em 2 vezes. Outro destaque é a questão do caixa e equivalentes, que no final do segundo trimestre aumentou 92,5%, para R$ 404 milhões

“Vemos a Boa Safra em uma situação diferenciada de seus pares, tanto por conta da sua disponibilidade de caixa e de uma alavancagem financeira baixa, que a coloca em uma posição confortável para manter os investimentos acelerados e ou até mesmo se aproveitar de oportunidades de M&A que venham a surgir”, diz trecho do relatório.

Essa posição confortável ganhou uma “força”, em abril, quando a Boa Safra realizou um follow on primário de R$ 300 milhões. Para a analista do BB Investimentos, o montante garante parte dos recursos necessários para o próximo triênio, em que a companhia pretende aumentar sua capacidade produtiva, ter uma disponibilidade maior de sementes de alta tecnologia, diversificar as receitas para além das principais culturas e seguir realizando M&As.

“Atualmente, seu mercado de atuação é bastante pulverizado, apresentando boas oportunidades de consolidação”, diz trecho do relatório.

Essa situação deve posicionar a Boa Safra para capturar as perspectivas de crescimento do setor agro. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as projeções para a próxima safra indicam uma produção total de grãos de 325 milhões de toneladas, crescimento de 9% em relação à safra 2023/24 em função, principalmente, da recuperação da produtividade, cujo crescimento é estimado em 7%.

No longo prazo, projeções feitas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária apontam que a produção deverá atingir 389 milhões de toneladas em 2032/33, acréscimo de 70 milhões de toneladas em relação ao produzido no Brasil na safra 2022/23, o que equivale a um crescimento de 22% ou uma taxa anual de crescimento de 2%.

Por volta das 11h15, as ações da Boa Safra caíam 1,94%, a R$ 12,13. No ano, elas acumulam queda de 22,7%, levando a um valor de mercado de R$ 1,6 bilhão.