A queda nos preços da celulose nos últimos três meses tem assustado os investidores expostos às companhias do setor. Não é difícil entender o receio, pois a oferta adicional de celulose de fibra curta (BHKP) no mercado global causou uma desvalorização de quase 25% na cotação da matéria-prima no período.

Porém, na visão da XP Investimentos, essa não deve ser uma preocupação para o setor daqui para frente. Os indicadores estão apontando para uma estabilização de preços no curto prazo.

É com essa premissa que os analistas Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano elevaram sua recomendação dos papéis da Klabin e da Irani para compra. E mantiveram a Suzano como a melhor opção para quem quer ter exposição ao segmento.

“Com as recentes indicações de estabilização e uma visão estrutural positiva para os preços, estamos otimistas em aumentar a exposição ao setor de celulose e papel, mantendo a Suzano como nossa principal escolha, que consideramos atraente em diversos indicadores”, afirmam os analistas, no relatório.

Eles projetam um potencial da valorização de 55% para os papéis da Suzano, atingindo um preço-alvo de R$ 85. A esperança para Klabin e Irani surge de uma perspectiva sólida para os volumes e preços de papel e embalagens no País.

No caso da Klabin, os analistas também analisam uma perspectiva mais positiva para a alavancagem da companhia. “Após a aquisição da Caetê e considerando o aumento gradual dos projetos em andamento da companhia, esperamos que a redução da alavancagem e a expansão do Ebitda sustentem nosso potencial de valorização das ações, sem mudanças significativas nos múltiplos de avaliação”, dizem os especialistas.

No mesmo cenário macro, a Irani deve se beneficiar de um ambiente doméstico mais favorável para a demanda por papelão ondulado, um de seus carros-chefes. Segundo a XP, embora os custos altos do produto limitem o avanço do lucro da companhia no curto prazo, a expectativa é de que o segmento seja um dos impulsionadores do crescimento da companhia nos próximos anos.

“Esperamos que o ambiente positivo de demanda por embalagens e a expansão da plataforma Gaia, combinando mix de produtos e eficiências de custos, sejam os principais motores do crescimento dos lucros nos próximos anos”, afirmam Laghi, Nippes e Urbano.

Desta forma, os analistas projetam um potencial de valorização de 33% para os papéis da Suzano, atingindo uma cotação de R$ 27, enquanto as ações da Irani estão com perspectiva de alta de 26%, atingindo um valor de R$ 9,50 por papel.

Apesar da perspectiva positiva como o curto e médio prazo, não significa que o caminho está livre de desafios. Na perspectiva da corretora, no lado da demanda, o crescimento da celulose de mercado deve desacelerar nos próximos 3 a 4 anos, dado que a estratégia de integração da produção de celulose na China, a maior importadora de celulose do Brasil, continua.

Porém, esse crescimento da produção chinesa é limitado, já a disponibilidade de matérias-primas, como os cavacos de madeira, não é infinita. Assim, com potenciais custos mais altos da integração chinesa devido à expansão da produção verticalizada, a corretora também prevê oportunidades no longo prazo, com um possível aumento na demanda pela celulose brasileira após esse prazo de cinco anos.

“Até o final da década, esperamos que os chamados ‘mega projetos de celulose’ absorvam a demanda incremental da China por celulose de mercado, dado as limitações na expansão por lá”, afirmam os analistas.