A perspectiva de a Eletrobras aumentar o pagamento de dividendos vem sendo tema recente entre os analistas. Depois do BTG Pactual, foi a vez do Itaú BBA abordar o assunto em relatório, afirmando que a companhia apresenta boas condições para aumentar o pagamento de proventos.
Os analistas Marcelo Sá, Fillipe Andrade e Luiza Candiota afirmam que os desenvolvimentos mais recentes nas negociações entre a companhia e o governo federal para um acordo a respeito do poder de voto da União, especialmente a retirada do ponto do repasse antecipado de quase R$ 25 bilhões para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), abrem caminho para o pagamento de mais dividendos.
Eles destacam que a Eletrobras apresenta um caixa robusto, de quase R$ 30 bilhões, e uma alavancagem baixa, com a relação entre a dívida líquida e o Ebitda atingindo 1,7 vez no terceiro trimestre.
“Com uma baixa alavancagem e a perspectiva de free cash flow yield positivo, a Eletrobras está posicionada para registrar um dividend yield acima de 9% de 2026 em diante, assumindo um payout de 100%”, diz trecho do relatório do Itaú BBA.
Ainda que a companhia tenha que fazer investimentos em projetos brownfield, especialmente para crescer a parte de transmissão, os analistas destacam que a Eletrobras está numa boa posição financeira para pagar dividendos em níveis atrativos no curto e médio prazo.
O tema também é visto como central pelo BTG Pactual. Em relatório que circulou pelo mercado na segunda-feira, 16 de dezembro, intitulado “Carta ao Conselho – é hora de dividendos”, os analistas Antonio Junqueira, Gisele Gushiken e Maria Resende dizem que a reestruturação vem produzindo resultados e que é hora de pensar em pagar mais proventos.
“Com sua escala, acesso ao mercado de capitais e ativos maduros, é muito difícil imaginar que a companhia vai encontrar múltiplas grandes (e atrativas) oportunidades de alocação de capital e evitar pagar dividendos robustos”, diz trecho do relatório. “Para nós, sempre foi uma questão de quando a ‘era dos dividendos’ iria começar.”
A questão dos dividendos foi o fator determinante para os analistas do BTG Pactual recomendarem, num relatório paralelo, ficar long em Eletrobras e short em Engie. Para eles, a Eletrobras pode pagar de R$ 6 bilhões a R$ 8 bilhões em dividendos sem prejudicar o balanço financeiro.
A possibilidade de pagamentos de se tornar um grande nome de dividendos, junto com um valuation considerado atrativo e boas perspectivas para o preço da energia no médio e longo prazo fazem os analistas do Itaú BBA manterem a recomendação de compra para as ações da Eletrobras.
Mas a piora do cenário macro, aumentando o custo de capital próprio de 8% para 9%, foi um dos principais fatores para fazer com que os analistas reduzissem o preço-alvo das ações ordinárias de R$ 59,60 para R$ 54,90.
O BTG Pactual possui recomendação de compra para as ações, com preço-alvo de R$ 59.
Por volta das 11h57, as ações da Eletrobras subiam 0,57%, a R$ 35,22. No ano, elas acumulam queda de 15,6%, levando o valor de mercado a R$ 84 bilhões.