A combinação de whey protein com pasta de amendoim não é uma novidade para o Grupo Supley, dono das marcas Max Titanium e Probiótica. Em janeiro de 2023, a empresa adquiriu metade das ações da paranaense Dr. Peanut.

Passados dois anos, a companhia paulista fundada pelos irmãos Mariane Morelli, Alberto e Carlos Moretto decidiu comprar os 50% restantes da participação na Dr. Peanut e ficar 100% com o negócio.

A aquisição da totalidade da participação na empresa de pasta de amendoim, anunciada na quarta-feira, 8 de janeiro, não fazia parte das metas do contrato nem de qualquer obrigação assinada há dois anos. Mas a possibilidade do negócio casou a estratégia de expansão do Supley com a vontade de Lucas Castro, fundador da Dr. Peanut.

“Fizemos um ajuste financeiro que atentou todo mundo”, diz Mariane Morelli, CEO do Grupo Supley, ao NeoFeed. Os números da transação serão mantidos em sigilo pelas partes.

Castro, que criou a empresa de pasta de amendoim em 2016, sai do quadro de sócios do Supley e passa a ser um executivo do grupo. Ele assume a cadeira de diretor de inovação e produtos da Dr. Peanut.

Nos próximos três anos, o Supley vai investir R$ 30 milhões para explorar novas categorias com a marca Dr. Peanut. A estratégia é fazer dela uma plataforma global de snacks saudáveis. Segundo a consultoria Market Research Future, esse segmento específico tem uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 5,81%, até 2032, quando deve movimentar globalmente US$ 117 bilhões.

Por esse motivo, a internacionalização da marca de pasta de amendoim continua sendo prioridade. A Dr. Peanut já está em 10 países, como Portugal, Dubai e Estados Unidos (onde 90% dos lares consomem o produto). O próximo destino é a Alemanha.

Esse processo vai exigir a criação de novos formatos e novos canais de distribuição, assim como a criação de novos produtos. Está na esteira de lançamento um drageado coberto com chocolate e recheado com pasta de amendoim e a entrada no segmento de barras proteicas.

A Dr. Peanut vai estrear em uma categoria que as marcas Max Titanium e Probiótica, que são especializadas em whey protein, creatina e pré-treinos, já estão presentes. A ideia é explorar a diferente precificação das marcas com os produtos e a variedade de sabores.

“O consumidor não é fiel à marca de barras de proteína. Ele gosta de novos sabores para o seu consumo, que é quase diário”, diz a CEO do Supley. “Vamos trabalhar o marketing diferente para cada uma delas.”

Se o varejo especializado ainda é o carro chefe de vendas no mercado interno, o Supley ganhou um impulso com a chegada da suplementação no varejo alimentar. As marcas do grupo passaram a ser vendidas também no Carrefour, Sam’s Club, grupo Mateus, Drogaria São Paulo, entre outros.

No fim de 2022, a Dr. Peanut faturou R$ 80 milhões. O negócio se aproximou de um faturamento de R$ 200 milhões no ano passado. E a ideia do Supley é chegar a R$ 500 milhões de receita somente com esse negócio até 2028.

O apetite por aquisição não está saciado. Neste momento, Morelli conta que há dois NDAs assinados. O objetivo do Supley é encontrar negócios com receita entre R$ 20 milhões e R$ 80 milhões que se encaixem nesse hub de produtos saudáveis que a marca está criando.

“São negócios que não faz sentido fazermos dentro de casa, mas que podemos ajudar a crescer. E que se encaixam na nossa proposta”, diz Morelli.

O Supley tem por tradição usar a geração de caixa para as aquisições. Com o crescimento do mercado de suplementação, o grupo passou a ser alvo de fundos de investimento. No ano passado, chegou a contratar o Itaú BBA para analisar as possibilidades para acelerar os negócios. Até aqui, nem um sócio estratégico nem uma abertura de capital se mostraram viáveis.

Com faturamento de R$ 967 milhões em 2023, o plano era chegar a R$ 1,1 bilhão no ano passado. O Supley detém cerca de 30% de market share com quase 340 produtos. “Os números ainda não estão fechados, mas somos uma empresa de mais de R$ 1 bilhão”, diz a CEO.

Para este ano, a projeção é uma expansão de 20%, acima do mercado de suplementos, que vem registrando um avanço anual médio entre 10% e 15%. Conquistar esses números vai exigir força e energia para cumprir a agenda de crescimento orgânico e inorgânico pensada por Morelli.