O Bank of America (BofA) atualizou suas preferências entre as utilities estatais da bolsa brasileira. Entre Copasa, Cemig e Sanepar, o analista Gustavo Faria decidiu priorizar a companhia mineira de saneamento, elevando a recomendação de neutro para compra e o preço-alvo de R$ 24 para R$ 28 - um upside de cerca de 30% sobre o preço de tela.

Para ele, os resultados da companhia em 2025 devem vir positivos, graças aos termos mais generosos da mais recente revisão tarifária. Entre os pontos destacados estão o estabelecimento de um custo médio ponderado de capital regulatório (WACC, na sigla em inglês) melhor que o esperado e a remuneração do capex em base anual.

Outro ponto que pesou na decisão de elevar a recomendação das ações da Copasa foi a perspectiva de dividend yield, que em 2025 deve atingir 13%, o maior dentro de universo de cobertura do banco.

“Na nossa opinião, os maiores retornos regulatórios não estão incorporados nas estimativas de mercado e podem levar a uma revisão positiva de 10% nas estimativas do consenso para o Ebitda de 2027 em diante”, diz trecho do relatório do BofA.

O analista destaca que a tese para a Copasa não incorpora um cenário de privatização, uma meta do governador Romeu Zema desde 2018, mas que sofre com a falta de apoio político.

Se o processo de venda ganhasse tração e fosse pelo caminho da privatização, ele poderia ter um efeito positivo de 33% de net present value (NPV) para a companhia, calcula o BofA.

O tema da privatização também não consta na análise do BofA para a Cemig. A recomendação para as ações da companhia elétrica mineira foi mantida em neutro, mas o preço-alvo foi revisado para cima, de R$ 11 para R$ 13.

O analista diz que a relação entre risco e retorno da companhia está bem equilibrado, diante da taxa interna de retorno (TIR) real de 10,9% e o dividend yield de 5,6% estimado para este ano.

O processo de privatização representa o principal upside para a Cemig, com o analista do BofA estimando a criação de 20% de NPV. No entanto, se o processo caminhar para a federalização da companhia, em troca da renegociação da dívida de Minas Gerais, o resultado seria um impacto negativo de 17% do NPV.

Já a Sanepar permanece com recomendação de compra no BofA, mesmo com o preço-alvo subindo de R$ 22 para R$ 29.

Para o analista, o valuation atual da companhia (0,66 vez o EV/RAB) é pouco atrativo dado o risco regulatório, citando as decepções com as revisões tarifárias conduzidas em 2017 e 2021.

No primeiro caso, o que incomodou os investidores foi o período de aplicação da tarifa, muito maior do que o esperado, enquanto no segundo houve redução do reajuste anual das tarifas. “A metodologia preliminar da revisão tarifária de 2025 não veio com grandes diferenças em relação à implementada no processo de 2021”, diz trecho do relatório.

O que motivou o BofA a elevar o preço-alvo foi a bolada que a empresa pode ganhar. A companhia deve receber quase R$ 4 bilhões da União neste ano em precatórios. A Justiça determinou, no ano passado, que o valor fosse inserido no orçamento para este ano, mas o tema ainda está para ser votado.

A Sanepar poderia ver um efeito positivo de 75% no NPV caso o governo paranaense privatizasse a companhia. Mas o analista do BofA diz que está cético para o curto prazo, diante da falta de movimentação do Executivo estadual.

Por volta das 13h45, as ações da Copasa subiam 1,66%, a R$ 21,42. No ano, elas acumulam alta de 3,7%, levando o valor de mercado a R$ 8,1 bilhões.

As ações preferenciais da Cemig recuavam 2,07%, a R$ 10,88. No acumulado de 2025, elas apresentam queda de 1,45%, levando o valor de mercado para R$ 34,3 bilhões.

Já as units da Sanepar avançavam 0,30%, a R$ 26,42, acumulando queda de 1,7% no ano. A empresa apresenta um valor de mercado de R$ 7,9 bilhões.