Após semanas sem fazer ameaças de imposição de tarifas de importação - para alívio dos mercados -, Donald Trump voltou à carga nesta semana, trazendo o tema de volta à pauta, e com o direito a novidades que surpreenderam os investidores.
A principal delas é em relação ao cobre. Numa "produtiva" reunião de gabinete na terça-feira, 8 de julho, o presidente dos Estados Unidos anunciou que vai elevar a tarifa de importação sobre a commodity a 50%, decisão que fez disparar os preços do metal no mercado.
Os contratos futuros do cobre, metal utilizado em diversos produtos elétricos e que ganhou ainda mais importância por conta da transição energética, chegaram a subir mais de 13% por conta da notícia. É a maior alta intradiária da commodity desde 1968, segundo dados da Dow Jones Market Data citados pelo jornal The Wall Street Journal.
Em reunião de gabinete, na Casa Branca, Trump disse que a medida visa impulsionar a produção doméstica para garantir a fabricação de produtos elétricos, equipamentos militares e outros bens de consumo. Os Estados Unidos importaram quase US$ 17 bilhões em cobre no ano passado, segundo dados do Departamento de Comércio americano citados pela CNN.
À CNBC, após a reunião, o secretário de Comércio, Howard Lutnick, disse que a tarifa deve entrar em vigor em 1º de agosto. A tarifa é equivalente às aplicadas pelo governo americano ao alumínio e ao aço.
Mudanças nas tarifas de importação do cobre estavam em pauta após o governo anunciar, em fevereiro, uma série de investigações no âmbito da Seção 232 da Lei de Expansão Comercial.
A lei concede ao presidente o direito do presidente ignorar o Congresso e aplicar tarifas sobre importações, sob argumento de segurança nacional. Mas a expectativa do mercado era de que a tarifa final fosse mais baixa.
O cobre não foi o único produto na agenda de tarifas de Trump. O presidente disse que poderia aplicar uma taxa de 200% sobre produtos farmacêuticos, dando um prazo de um ano para que as empresas se organizem.
A reunião de gabinete também foi utilizada por Trump para passar diversos recados. Um dos principais alvos foram os países do Brics.
Trump afirmou que aplicará uma tarifa de 10% “muito em breve” aos membros do bloco, alegando que eles querem enfraquecer os Estados Unidos e substituir o dólar como a principal reserva global. “Qualquer país que fizer parte do Brics receberá uma tarifa de 10%, apenas por esse motivo”, disse.
A declaração veio um dia após ele ameaçar impor uma tarifa adicional de 10% a qualquer país que se alinhasse às “políticas antiamericanas” do Brics.
Ele também tratou da União Europeia (UE), dizendo que pode enviar uma carta aos líderes do bloco divulgando a taxa sobre suas exportações para os Estados Unidos. Apesar disso, afirmou que os europeus estão tratando os americanos muito bem nas reuniões.
E sobrou novamente para Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Trump voltou a pedir que ele renuncie e afirmou que seria “ok para ele” se o Congresso abrir uma investigação contra o responsável pela política monetária dos Estados Unidos.
Essa questão da investigação foi levantada após alguns membros do Partido Republicano acusarem Powell de enganar os congressistas a respeito de reformas sendo feitas no prédio do Fed.
Trump pressiona o Fed a reduzir os juros, mas Powell prega cautela diante da possibilidade das tarifas de importação prejudicarem a trajetória da inflação.