Prestes a enfrentar um provável pico de casos da Covid-19, o Brasil convive com o debate intenso entre o que dever ser priorizado no enfrentamento da pandemia – a saúde ou a economia.

Em boa parte das discussões, a polarização é a tônica. Há quem, no entanto, consiga enxergar uma alternativa capaz de equacionar essas duas frentes.

“Proteger a saúde é prioridade. Mas também temos que nos programar para endereçar os impactos econômicos dessa situação”, afirmou Carlos Marinelli, CEO do grupo Fleury, em live realizada nesta sexta-feira, 17 de abril, pela XP Investimentos. “Nesse contexto, os testes e a questão do passaporte imunológico são alavancas importantes para programar uma saída coordenada e gradativa do isolamento social.”

Nessa direção, o Fleury tem concentrado parte dos seus esforços na validação de testes sorológicos, capazes de identificar, por exemplo, se o paciente já desenvolveu anticorpos para o coronavírus. Segundo Marinelli, em um primeiro momento, muitos dos testes dessa modalidade que chegaram ao País eram de baixa qualidade.

“Nós começamos a ter um cuidado enorme na validação e, agora, estamos conseguindo identificar testes melhores”, disse Marinelli. O executivo destacou que a ideia é abrir caminho para uma possível adoção do passaporte imunológico, um recurso que já está sendo discutido em outros países.

“Estamos começando um trabalho com pesquisadores em São Paulo”, afirmou Marinelli. “Queremos trazer respostas para que seja possível promover a reentrada na economia de maneira científica e planejada.” Na ponta dos testes moleculares, ou PCR, o grupo já realizou mais de 20 mil testes para hospitais parceiros desde 14 de fevereiro.

"Os testes e a questão do passaporte imunológico são alavancas importantes para programar uma saída coordenada e gradativa do isolamento social”

Embora não tenha revelado números e detalhes, Marinelli disse que o grupo já conseguiu um bom volume de testes sorológicos e que o plano é ampliar o acesso a “todo mundo”. Ao mesmo tempo, ele afirmou que o Fleury já tem sido procurado por empresas dispostas a testarem seus funcionários.

Telemedicina

Para Marinelli, a telemedicina também será importante nessa transição. A lei que regula essa modalidade foi sancionada ontem, dia 16 de abril, com vetos, pelo presidente Jair Bolsonaro. De olho nesse movimento, o Fleury lançou nesta semana sua plataforma própria.

Batizada de Cuidar Digital, a ferramenta está sendo usada, por exemplo, dentro do projeto Telecorona, em parceria com o hospital Sírio Libanês. Por meio da iniciativa, médicos voluntários podem acessar a plataforma e realizar atendimentos voltados a comunidades carentes.

Até o momento, já são mais de mil médicos cadastrados, com um índice de 30% de reutilização da plataforma que, nessa fase inicial, é gratuita. Os profissionais não precisam ter, necessariamente, qualquer vínculo com o grupo.

A ferramenta permite realizar consultas com recursos como voz, vídeo, segurança, gravação e acesso ao prontuário eletrônico do paciente, caso ele tenha um histórico com o Fleury.

Lançada nesta semana, a Cuidar Digital, plataforma de telemedicina do Fleury, já tem mais de mil médicos cadastrados

“A plataforma já estava em desenvolvimento, mas nós aceleramos o projeto com a Covid-19”, disse Marinelli. Ele ressaltou que um dos benefícios é evitar o deslocamento, muitas vezes desnecessários, dos pacientes aos hospitais, reduzindo assim os riscos de problemas de atendimento no sistema de saúde.

“E ela vai ser importante também na reentrada, onde teremos um certo distanciamento das pessoas. É muito difícil que o mundo volte a ser como era”, afirmou. “Agora, a telemedicina passa a ser uma ferramenta real, de acompanhamento, para essa nova fase da economia.”

Ao mesmo tempo, durante a pandemia, a Cuidar Digital pode ser também usada para o atendimento a pacientes com outras doenças. Nessa questão, Marinelli entende que as autoridades e toda a cadeia de saúde no País devem estar atento não apenas à Covid-19, especialmente no que diz respeito a questões como a liberação de recursos para o setor.

“Não dá para esquecer que a saúde das pessoas fora da pandemia continua”, disse. “O foco no controle do coronavírus é essencial, mas não podemos armar uma bomba relógio que talvez nos pegue tão desprevenidos quanto o Covid-19.”

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