O site de hospedagem Airbnb está cortando 1,9 mil funcionários ou 25% de sua força de trabalho. O cofundador da startup e CEO, Brian Chesky, disse a funcionários, nesta terça-feira, 5 de maio, que a previsão de receita da empresa para este ano é de "menos da metade" do nível de 2019.
"Estamos vivendo coletivamente a crise mais angustiante de nossa vida. As viagens globais pararam", disse Chesky, em um memorando no qual o jornal The Wall Street Journal teve acesso. "Os negócios do Airbnb foram duramente atingidos."
Chesky também disse que a empresa está reduzindo o investimento em novas áreas, pausando a iniciativa Transportation and Airbnb Studios e reduzindo os investimentos para atrair hotéis tradicionais e de luxo para o seu site.
"Viajar neste novo mundo parecerá diferente e precisamos evoluir o Airbnb", escreveu Chesky no memorando. "As pessoas desejam opções mais próximas de casa, mais seguras e mais acessíveis".
Uma iniciativa que Chesky não mencionou em sua lista de cortes foi o Airbnb Experiences, que permite que os hóspedes reservem passeios.
Embora a unidade devesse ser rentável até 2019, acumulou prejuízos no total de quase US$ 1 bilhão, de acordo com pessoas familiarizadas com o projeto, segundo o WSJ.
Filho da crise
O Airbnb é um dos filhos da crise financeira global de 2008. A startup fundada em agosto de 2008 por Brian Chesky, Joe Gebbia e Nathan Blecharczyk, em São Francisco, se beneficiou da recessão daquela época.
Com um modelo inovador, o Airbnb faz parte do que é conhecido como economia do compartilhamento. Em vez de fazer uma reserva em um hotel, o site propunha que as pessoas alugassem suas casas ou quartos para outras pessoas. Ele funcionava como um intermediário.
Como era uma opção mais barata do que um hotel em um momento de crise, ele foi ganhando mais e mais adeptos. Hoje, o Airbnb tem mais de 7 milhões de ofertas em seu marketplace e está presente em mais de 200 países, inclusive o Brasil. Antes da crise, cerca de 2 milhões de pessoas por dia usavam alguma hospedagem do site.
A crise da Covid-19, no entanto afetou a companhia de forma bastante severa. Como boa parte do planeta está em isolamento social, as pessoas pararam de viajar. E, como consequência, de fazer reservas nas propriedades anunciadas no Airbnb.
A startup tinha planos de abrir o capital neste ano. Mas não foi só o coronavírus que atrapalhou os planos do Airbnb. Dados financeiros mostravam que a companhia já operava no vermelho no ano passado.
Nos nove primeiros meses do ano passado, informações que acabaram vazando no começo de 2020, o Airbnb teve um prejuízo de US$ 322 milhões. No mesmo período de 2018, ele tinha obtido um lucro de US$ 200 milhões.
Startups afetadas
O Airbnb não está sozinho. Uma boa parte das startups, que até pouco tempo atrás crescia de forma acelerada, está também sofrendo os efeitos da crise econômica do coronavírus.
Um levantamento feito pelo site Layoffs.fyi Coronavirus Tracker, com base em informações públicas, contabiliza que 369 startups ao redor do mundo já demitiram 36.182 funcionários.
Na base de dados do Layoffs.fyi está, inclusive, startups do Brasil, como QuintoAndar, Loft, GetNinjas, Creditas e Kenoby, que anunciaram recentemente cortes em suas forças de trabalhos.