O site de hospedagem Airbnb é cotado para ser um dos principais IPOs de tecnologia em 2020. Mas a viagem rumo à bolsa de valores pode se transformar em uma bad trip.

O Airbnb, que permite que pessoas listem seus imóveis e quartos para alugar em seu marketplace, teve um prejuízo de US$ 322 milhões nos nove primeiros meses de 2019, segundo uma reportagem do The Wall Street Journal. No mesmo período do ano passado, a companhia da economia compartilhada obteve lucro de US$ 200 milhões.

Não bastasse a tinta vermelha na última linha do balanço, o coronavírus pode ser um obstáculo a mais para o Airbnb. Por conta da epidemia na China, que já matou mais de mil pessoas, o negócio da startup está praticamente parado no país asiático.

Segundo o WSJ, citando fontes próximas à companhia, a queda de receita na China é de aproximadamente 80%. Muitas cidades estão paradas e as viagens internas praticamente paralisadas.

A China é um importante mercado para o Airbnb e, segundo um investidor, a startup deve esperar até que o impacto do coronavírus se estabilize antes de tentar abrir o seu capital.

Com isso, o IPO pode acontecer no terceiro trimestre ou no quarto trimestre de 2020. A expectativa é que a companhia faça uma listagem direta, tirando os intermediários da oferta, como os bancos de investimentos.

Os dois problemas surgem como um obstáculo e tanto para uma abertura de capital. Devido às estreias de Uber e Lyft na bolsa em 2019, duas startups deficitárias que enfrentam problemas para serem lucrativas, os investidores estão receosos em apostarem suas fichas em companhias com prejuízo e sem um caminho claro rumo à lucratividade.

Neste ano, a Casper, startup que vende colchões pela internet, abriu o capital na Nasdaq em janeiro. Mas teve sua avaliação privada de US$ 1,1 bilhão cortada pela metade pelos investidores. O Airbnb é avaliado, atualmente, em US$ 31 bilhões. Poucos acreditam que conseguirá manter esse valor se abrir o capital.

Apesar do prejuízo, o Airbnb tem algumas características diferentes de casos como a Uber e até mesmo a WeWork, que fracassou em sua tentativa de abrir o capital e quase foi à bancarrota no ano passado.

A startup tem US$ 3 bilhões em caixa, o que lhe dá uma situação financeira confortável e saudável, apesar do prejuízo. Além disso, conta com clientes fiéis. Cerca de 2 milhões de pessoas fazem reservas pelo Airbnb toda noite.

As receitas estão também aumentando, o que é comum para startups de crescimento exponencial. No terceiro trimestre 2019, o faturamento atingiu US$ 1,65 bilhão, resultado quatro vezes maior do que o mesmo período anterior.

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