Menos de uma semana depois de anunciar uma parceria com a Honda para compartilhar o desenvolvimento de plataformas, motores e sistemas, a General Motors voltou aos holofotes da indústria automobilística ao revelar um acordo inédito com a novata Nikola.
A gigante de Detroit tornou-se dona de 11% da startup de veículos elétricos fundada em 2015 pelo empresário Trevor Milton. No acordo, em vez de desembolsar US$ 2 bilhões pela sua fatia na operação, a montadora pagou pela participação com "outras moedas".
O contrato prevê que a GM, que também passa a ter uma cadeira no conselho da Nikola, forneça baterias elétricas e células de combustível para os caminhões da startup.
Pelo acordo, a gigante americana também ficará encarregada da fabricação da picape Badger, cuja produção deve começar no fim de 2022, em local ainda não revelado.
Com esse acerto, a Nikola passa a ter um modelo de negócio bastante parecido com o de outra startup de veículos elétricos, a Fisker, que terceiriza toda a fabricação de seu portfólio com diversas empresas do setor, entre elas, a alemã Volkswagen.
Da mesma maneira, sob esses novos termos, a Nikola responderá pelo marketing e a venda da picape Badger, enquanto o desenvolvimento e a montagem passam a ficar sob a alçada da GM.
Em paralelo, a GM vem trabalhando em diversos modelos elétricos de sua própria lavra, incluindo picapes que provavelmente disputarão o mercado com a Badger.
Ainda assim, a GM acredita que essa parceria seja estratégica por diferentes motivos: o primeiro deles é a exposição ao mercado de caminhões elétricos de longa distância, um segmento que a empresa não contemplava.
O segundo é a possibilidade de validação e monetização de sua tecnologia de veículos elétricos e autônomos, uma área que já consumiu US$ 20 bilhões dos cofres da empresa na última década. Essa conta inclui a construção de uma fábrica de células de bateria em Ohio, um projeto desenvolvido pela GM junto à joint venture LG Chem.
A Nikola tem focado sua operação no desenvolvimento de caminhões elétricos e um dos contratos que mais agradou os investidores foi com a companhia americana Republic Services, que encomendou 2,5 mil unidades de caminhões para coleta de lixo.
A expectativa é que a produção dessa frota tenha início em três anos. Os modelos oferecem 150 milhas (cerca de 241 km) de autonomia e capacidade para o despejo de até 1,2 mil caçambas de lixo.
Esse pacto com a GM não deve alterar as configurações ou o calendário dos planos da Nikola. O acordo é o mais recente envolvendo startups e montadoras tradicionais, que se unem para acelerar o passo em tecnologia e fabricação.
A reação do mercado ao anúncio foi positiva: as ações da GM subiram 7,9% na bolsa de Nova York, a NYSE. Já a Nikola, que abriu seu capital em junho, viu seus papéis dispararem quase 40% na Nasdaq.
A empolgação diante dessa nova parceria tem a ver com as regulamentações cada vez mais rigorosas para veículos à combustão e com o incentivo governamental e social para a adoção dos carros elétricos.
A última gigante a ecoar esse apelo foi a Uber, que na manhã desta terça-feira se comprometeu a ter 100% da frota cadastrada em seu aplicativo formada por veículos elétricos até 2030.
Mas se a promessa elevou o clima e as ações de GM e Nikola, o mesmo não aconteceu com a Tesla, cujos papéis fecharam com uma queda de 21%, diante das manchetes de que a companhia não embarcou no seleto clube de empresas do índice S&P 500, como esperado.
Diferentemente das principais concorrentes, a Tesla optou por uma abordagem verticalmente integrada, fabricando "em casa" suas próprias células de bateria e seus próprios carros. A corrida pelo pódio no setor de carros elétricos continua.
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