Em 1996, Bill Gates publicou um artigo no site da Microsoft, intitulado “Content is King”. No texto, ele falava sobre a importância de investir em conteúdo para ser bem-sucedido na internet, que ainda engatinhava na época.
Hoje, a internet e plataformas como Instagram, Facebook e YouTube concentram um tempo considerável no dia a dia dos consumidores. E, diante desse cenário, algumas varejistas brasileiras estão levando ao pé da letra o recado dado por Gates há 25 anos.
É o caso da Americanas. Na noite desta quarta-feira, a empresa anunciou a aquisição da brasileira Skoob, plataforma digital de conteúdo para leitores. O acordo, cujos termos financeiros não foram revelados, foi fechado por meio da subsidiária IF Capital.
“A aquisição é um movimento estratégico da Americanas para ser ainda mais relevante no dia a dia dos clientes, potencializando o engajamento, a recorrência e o alcance de novos clientes”, informou a Americanas em comunicado sobre a transação.
Fundada no Rio de Janeiro e lançada oficialmente em 2009, a Skoob funciona, na prática, como uma rede social e tem uma base de mais de 8 milhões de usuários, boa parte deles, na faixa de 16 a 34 anos.
Pela plataforma, é possível organizar leituras atuais, concluídas e futuras em uma estante virtual, além de trocar livros, interagir com grupos literários, participar de sorteios e ganhar cortesias.
A Skoob também dá acesso a resenhas de obras. Desde a sua estreia, já foram feitas mais de 45 milhões de avaliações. Entre outros recursos, ela também está integrada a outras redes sociais, bem como sites de e-commerce, por meio de um programa de afiliados.
A Americanas destacou ainda que os reviews de livros são “importantes alavancas de venda” e ampliam em até 40% o índice de conversões na categoria. Segundo a empresa, os livros são uma porta de entrada de novos clientes, com um custo de aquisição 3,6 vezes menor que a média, além de possuírem uma frequência de compra 50% maior que a média do segmento.
Com o anúncio, a Americanas reforça um movimento recente de investimentos na área de conteúdo liderado por grandes varejistas do País, de olho justamente na conversão de clientes para as suas plataformas.
Em agosto de 2020, por exemplo, o Magazine Luiza abriu espaço em sua onda de aquisições para a compra do Canaltech, que tinha uma base mensal de 24 milhões de visitantes únicos, além de 2,5 milhões de usuários inscritos em seus canal do YouTube, com uma média de 8 milhões de visualizações mensais.
Seis meses antes, a varejista já tinha adquirido o marketplace de livros Estante Virtual. A prateleira de aquisições do Magazine Luiza ganhou mais um ativo em outubro do ano passado, com a compra da ComSchool, plataforma de cursos de e-commerce e performance digital.
Já em abril deste ano, a rede fez uma nova investida, ao anunciar a compra do Jovem Nerd, plataforma de conteúdo voltada ao público geek, com mais de 5,5 milhões de inscritos em seus canais no YouTube e dona de programas como NerdCast, NerdOffice e NerdPlayer.
Em dezembro do ano passado, foi a vez do grupo SBF, controlador da Centauro, engrossar essa lista, ao desembolsar R$ 60 milhões para comprar o Grupo NWB, detentor dos canais Desimpedidos, Acelerados, Fatality e Falcão 12, além de 80 afiliados.
Uma base de mais de 81 milhões de seguidores no Instagram e 73 milhões de inscritos no YouTube foram alguns dos números que atraíram o interesse da dona da Centauro pelo ativo.