Poucas startups brasileiras conseguiram, em um curto espaço de tempo, se tornar tão internacionalizadas como a Pipefy, fundada por Alessio Alionço, em Curitiba, em 2015.

Hoje, sua plataforma de gerenciamento de fluxo de trabalho e de automação de processos é usada por 15 mil clientes em mais de 200 países – destes, 4 mil deles pagam pela solução da Pipefy.

Agora, essa startup brasileira, cuja sede está localizada em São Francisco, o coração do Vale do Silício, está recebendo um aporte série C de US$ 75 milhões (aproximadamente R$ 416 milhões) liderado pelo Softbank Latin America Fund para acelerar seu crescimento nos Estados Unidos.

“Passamos os últimos anos construindo o motor. Agora, estamos abastecendo o tanque com gasolina para acelerar”, diz Alionço, ao NeoFeed. “Vamos focar nos Estados Unidos que é o maior mercado de software do mundo.”

O aporte é seguido por Steadfast Capital Management, um fundo americano que costuma entrar em empresas privadas antes da abertura de capital, uma ambição que Alionço diz que está no horizonte nos próximos quatro anos – ele ressalta, no entanto, que essa não é uma rodada pré-IPO e que deve fazer ao menos mais uma captação antes da abertura de capital.

Participaram também da rodada a Insight Partners, a Redpoint eventures, a 500 Startups, a ONEVC, a Atman Capital (nova gestora de Pedro Sorrentino) Lee Jacobs (PI Fund I) e FundersClub (o fundo de Peter Thiel, um dos fundadores do PayPal). Até agora, incluído esse aporte, a Pipefy já levantou US$ 138,7 milhões.

Os recursos vão ser usados para a Pipefy ganhar tração nos Estados Unidos, hoje o segundo maior mercado da startup depois do Brasil. “Em três anos, os Estados Unidos vão ser o nosso maior mercado”, afirma Alionço, sem revelar números de receita da startup.

A Pipefy desenvolveu uma plataforma que permite organizar fluxos automatizados de aprovação ou de trabalho, como solicitações de compras, sem a necessidade de desenvolvimento de linhas de código, em uma tecnologia conhecida como no-code ou low code, um mercado estimado US$ 13,8 bilhões globalmente em 2021, segundo a consultoria americana Gartner.

GE Healthcare, Lacoste, Magazine Luiza, Rivian e Nubank são alguns dos clientes da Pipefy. De acordo com Alionço, 75% das empresas pagam mais de US$ 5 mil por ano por ano para usar a plataforma. Há uma versão gratuita para empresas com até 10 usuários.

A startup ganha dinheiro cobrando um valor mensal por usuário que usa a plataforma no modelo de SaaS (Software as a Service) e mais um valor por tarefa automatizada.

A explicação por um modelo de negócio híbrido, de acordo com a Alionço, é que à medida que a ferramenta vai ganhando corpo dentro das empresas, menos usuários são necessários para executar determinadas tarefas.

A Pipefy, a partir de agora, quer atrair grandes companhias à plataforma. Em especial, na automação de processos de finanças, atendimento ao cliente e de recursos humanos, que, na visão do empreendedor, ficaram de fora da primeira onda de transformação digital. “São processos satélites da retaguarda das empresas”, diz o fundador e CEO da Pipefy.

Por essa razão, parte dos recursos será usada na contratação de profissionais para o atendimento dessas grandes contas em áreas como de vendas corporativas e de “customer success”. Atualmente, a Pipefy conta com 500 funcionários, a maioria deles localizados no Brasil. Alionço quer também fortalecer canais de vendas nos Estados Unidos. Neste mês, por exemplo, a startup fechou uma parceria com a IBM.

Alionço teve a ideia de criar a Pipefy depois de trabalhar muitos anos em processos de turnaround de empresas, quando trabalhava em consultorias. Ele era um consultor júnior que, depois dos processos serem redesenhados, fazia a ponte entre a área de negócios e tecnologia. Por conta disso, trabalhou com todas as soluções tecnológicas possíveis que existiam no mercado.

Foi então que percebeu que havia espaço para desenvolver uma plataforma que fosse simples e sem a necessidade de investir grandes somas de recursos. “Queria resolver meu problema, sem precisa gastar o orçamento.” Dessa dor, nasceu a Pipefy. O seu próximo passo é tentar conquistar a América.