Dentro do amplo pacote de aquisições entregue pelo Magazine Luiza desde meados de 2020, uma das áreas protagonistas nos acordos são as fintechs. Entretanto, na disputa com rivais como mercado livre, Americanas e Via, esse é talvez o espaço no qual a varejista menos se destaca

“Fintech é um aspecto do nosso negócio pouco conhecido”, disse Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza, em conferência com analistas nesta sexta-feira. “Mas o mercado vai ver ao longo dos próximos anos uma representatividade maior no faturamento e, especialmente, no nosso resultado final.”

Em linha com essa aspiração, a empresa anunciou os próximos passos para que essa linha de negócio comece a ganhar protagonismo. O leque inclui os lançamentos de uma conta digital para os sellers do marketplace do Magazine Luiza e das maquininhas de pagamento da rede.

Com as novidades, a varejista começa a integrar duas aquisições fechadas, oficialmente, no segundo trimestre. A primeira, concluída no início de junho, foi a da Bit55, plataforma de processamento de cartões de crédito e de débito na nuvem.

Um mês depois desse anúncio, o Magazine Luiza obteve, enfim, a aprovação pelo Banco Central da compra da Hub Fintech, plataforma de banking as a service, cuja aquisição havia sido anunciada em dezembro de 2020, por R$ 290 milhões.

“A aprovação da Hub Fintech nos traz um arcabouço regulatório e estrutura para o processamento de cartões pré-pagos”, afirmou Robson Dantas, responsável pela área de fintech no grupo, que já reúne mais de 500 profissionais. “E a Bit55 contribui para essa estratégia, além de nos trazer um novo hall de serviços.”

A conta digital para os sellers vai unir parte dessas soluções. Gratuita, ela será lançada inicialmente com um cartão pré-pago, com a estrutura da Hub Fintech. E, posteriormente, a partir da Bit55, será integrada a função de cartão de crédito. Gratuita, a conta terá um papel estratégico, destacado por Dantas.

“No segundo trimestre, fizemos um TPV de R$ 5 bilhões em pagamentos. Mas, hoje, esse dinheiro basicamente não fica na nossa mão”, afirmou. “Ele vai para a conta que o seller tem em outro banco. Agora, esses depósitos poderão ficar dentro do nosso ecossistema.”

Dentro desse raciocínio, ele citou o exemplo da oferta de crédito para sellers, que vem sendo testada nos últimos meses. “Nós já percebemos que parte desses empréstimos é usada para alavancar a operação que eles têm conosco”, observou.

No que diz respeito às maquininhas, Dantas ressaltou que elas serão destinadas a três perfis de usuários, em especial: os empreendedores plugados no marketplace, os estabelecimentos mais robustos e as lojas integradas ao Parceiro Magalu, plataforma lançada pela rede durante a pandemia para ajudar na digitalização de pequenos varejistas.

A apresentação destacou outros indicadores do braço de fintechs. A carteira digital Magalu Pay chegou a 3,3 milhões de contas no segundo trimestre. Já o cartão de crédito da rede, lançado em abril, por meio de uma joint venture com o Itaú Unibanco, chegou a 6 milhões de unidades.

“Hoje, por meio da fintech, já conseguimos trazer novos clientes para o ecossistema”, disse Dantas. “Além de recorrência e frequência de volta dentro da nossa cadeia.”

De volta ao lucro

No segundo trimestre, o Magazine Luiza reverteu o prejuízo de R$ 62,2 milhões apurado há um ano ao registrar um lucro líquido ajustado de R$ 89,1 milhões. A receita líquida no período foi de R$ 9 bilhões, o que representou um crescimento de 61,9%.

As vendas totais entre abril e junho, levando-se em conta as lojas físicas, o e-commerce e o marketplace da varejista, foram de R$ 13,7 bilhões, um salto de 60,5%. Na divisão das receitas, os três canais cresceram, respectivamente, 111,6%, 46,4% e 63%.

Já o Ebtida ajustado da operação no trimestre foi de R$ 455,5 milhões, o que consolidou um desempenho 209,3% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. A empresa atribui essa evolução ao crescimento das vendas e à diluição das despesas operacionais.

As ações do Magazine Luiza fecharam o pregão desta sexta-feira cotadas a R$ 20,27 e com queda de 3,34%. No ano, os papéis acumulam uma desvalorização de 18,6%. A empresa está avaliada em R$ 134,3 bilhões.