Diz um velho ditado que cão que muito late, não morde. Nos últimos anos, Elon Musk construiu uma história bem-sucedida com seus empreendimentos, como a Tesla e a SpaceX, que o levaram a ser o homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 215 bilhões.

Ao mesmo tempo, Musk ganhou também uma indesejada fama por suas declarações. E, em muitas ocasiões, o que o bilionário diz não se cumpre. Nesta sexta-feira, 13 de maio, mais um exemplo pode ter sido dado com a suspensão temporária da compra do Twitter. Com o recuo, as ações do Twitter estão sendo negociadas na Nyse com queda de quase 10%.

Nas últimas semanas, Musk deu diversas declarações que davam como certa a compra da rede social por US$ 44 bilhões. Ele inclusive chegou a cogitar a possibilidade de que o ex-presidente americano Donald Trump pudesse voltar a utilizar a plataforma. O político foi banido do serviço por incitar violência.

Mas o seu discurso mudou nesta sexta-feira. Em uma publicação na própria rede social, o fundador da SpaceX e da Tesla declarou que o acordo “está temporariamente suspenso por pendências em detalhes que sustentam que contas falsas de fato representam menos de 5% dos usuários".

Ainda que o bilionário não tenha desistido oficialmente da compra, o episódio reforça um questionamento em torno de confiar ou não no que Musk diz. O histórico de Musk mostra que não.

Um desses momentos "célebres" aconteceu ainda em 2018, quando Musk escreveu no Twitter que considerava fechar o capital da Tesla quando as ações atingissem US$ 420. A publicação causou furor na rede social e fez com que o valor de mercado da montadora subisse de US$ 58,1 bilhões para US$ 64,5 bilhões em um único dia.

A Security Exchange Commission (SEC), a CVM americana, abriu uma investigação contra o empresário após a publicação sob a hipótese de crime de fraude e manipulação de mercado. Em 2019, Musk foi condenado a pagar uma multa de US$ 40 milhões e teve que aceitar que seus futuros tuítes passassem a ser revisados.

As ações da Tesla, por sua vez, seguem sendo negociadas na bolsa de valores, já passaram até por um split e a companhia agora vale mais de US$ 800 bilhões - em momentos de pico, já chegou a ultrapassar US$ 1 trilhão.

Musk também envolveu a Tesla em outra fala que causou polêmica ao afirmar que a companhia poderia aceitar bitcoin como forma de pagamento pelos veículos, o que até aconteceu entre janeiro e março do ano passado. Em maio, porém, a montadora suspendeu as vendas com criptomoedas.

A justificativa foi o impacto ambiental do processo de mineração da criptomoeda, que ocorre através do uso de energia elétrica que, por sua vez, pode ser obtida com o uso de combustíveis fósseis. O movimento fez com que o valor do bitcoin caísse mais de 10% em um único dia.

Antes da queda, a Tesla chegou a comprar mais de US$ 1,5 bilhão em bitcoin em fevereiro. Caso ainda não tenha se desfeito do ativo virtual, a companhia pode ter perdido quase metade do que investiu, já que a bitcoin agora é negociada por menos de US$ 30 mil por unidade.

Fala muito

Outras promessas que não saíram do papel motivaram até mesmo a criação de um site chamado “Elon’s Broken Promises” – promessas quebradas de Elon, em tradução livre. A página reúne uma série de tuítes, documentos oficiais e vídeos com declarações de Musk que acabaram sendo apenas da boca para fora.

Numa conferência com investidores em 2011, por exemplo, Musk chegou a afirmar que “estava confiante em dizer que a Tesla não precisava nunca mais realizar outra rodada de financiamento” com investidores. Em diferentes rodadas pós-IPO, porém, a companhia já captou mais de US$ 8 bilhões de dólares.

A Tesla está envolvida em outra promessa não cumprida do empresário. Em 2017, Musk chegou a afirmar que iria produzir 20 mil veículos Model 3 em dezembro daquele ano. A produção foi de 2,4 mil carros.

No mesmo ano, em uma apresentação no TED Talk, o bilionário também afirmou que iria revelar as localizações de “provavelmente” quatro fábricas da Tesla. Mas elas não foram anunciadas em 2017, como tinha prometido.

Atualmente a companhia tem seis unidades industriais em funcionamento. Quatro delas estão localizadas nos EUA, uma na Europa (em Berlin, na Alemanha) e outra na China.

Musk, um dos homens de negócios mais visionários do mundo, sendo que muitas vezes é comparado a Steve Jobs, quer levar o homem à Marte. Será que ele vai cumprir essa promessa?