Com a temporada de balanços do primeiro trimestre de 2022 finalizada, chegou a hora dos analistas realizarem um “balanço” dos balanços divulgados, apontando que empresas foram melhores e aquelas deixaram a desejar.
Em um período marcado pela aceleração da inflação, mas também pela retomada das atividades com o arrefecimento da pandemia de Covid-19, os analistas do BTG Pactual gostaram do que viram de maneira geral.
Das 176 companhias com ações em Bolsa acompanhadas pelo banco, 44% divulgaram resultados acima do esperado, enquanto 40% apresentaram balanços em linha com as projeções. O restante veio com demonstrações de resultados abaixo do esperado.
Excluindo Vale e Petrobras, para evitar distorções nas análises, a receita líquida e o Ebitda consolidado do grupo vieram 3,1% e 2,9% acima das expectativas da equipe de analistas, respectivamente. Já a última linha do balanço ficou 10,6% abaixo da projeção, diante do fraco desempenho das exportadoras de commodities.
“Comparando os resultados do primeiro trimestre com o mesmo período do ano passado, a recuperação foi robusta, confirmando a tendência vista no último trimestre”, diz trecho do relatório assinado pelos analistas Carlos Sequeira e Osni Carfi.
Pelo lado positivo, o destaque do período ficou por conta das companhias expostas ao mercado doméstico, com a receita vindo 2,3% acima do esperado. O Ebitda e, principalmente, o resultado final também surpreenderam, em 3% e 8,7%, respectivamente.
Dentro do segmento, dois deles tiveram desempenhos dignos de nota. O primeiro é a área de utilities, que abrange empresas de saneamento básico, energia elétrica e gás natural, mantendo a tradição de estabilidade e robustez de desempenho.
No primeiro trimestre, o lucro líquido consolidado do grupo ficou 36% acima do projetado pelo BTG, enquanto receita e Ebitda superaram as projeções em 5,5% e 9%, respectivamente.
O segundo grupo dentro do segmento de companhias domésticas que fechou o primeiro trimestre com resultados positivos foi bancos, com o lucro ficando 5,5% acima do projetado graças ao bom desempenho das carteiras de crédito no período em meio à alta dos juros. Dentro desse grupo, quem se destacou foi o Banco do Brasil, com lucro líquido recorde de R$ 6,6 bilhões.
Embora o relatório do BTG Pactual se concentre no desempenho consolidado dos diversos setores econômicos no primeiro trimestre, ele ressalta que a Gol teve um resultado surpreendente no primeiro trimestre. Com a valorização do real, a companhia aérea registrou lucro líquido de R$ 2,6 bilhões, revertendo o prejuízo do mesmo período de 2021.
Olhando para quem decepcionou no trimestre, o BTG Pactual cita os exportadores de commodities, cuja receita, Ebitda e última linha do balanço frustraram em 1,3%, 3,4% e 16,7% as projeções do BTG Pactual, respectivamente.
Quem puxou para baixo o setor foi a área de siderurgia e mineração. A Vale, por exemplo, viu uma queda de 27,4% do lucro, para R$ 23 bilhões, com os melhores prêmios nas vendas de minério de ferro ofuscados pela queda na produção. O mesmo ocorreu com a CSN, que registrou recuo de 77% no lucro líquido, para R$ 1,2 bilhão.
Por conta disso, o lucro consolidado da área de siderurgia e mineração ficou 21,3% abaixo do projetado. A receita decepcionou em 4,6% e o Ebitda em 1,3%.
Outro segmento que também decepcionou os analistas do BTG Pactual foi o de saúde, com o Ebitda e a última linha do balanço ficando 10% e 20% abaixo do projetado, respectivamente.
A Hapvida, em particular, puxou o segmento para baixo, ao reverter lucro e ter prejuízo de R$ 182 milhões com perda orgânica de 64 mil planos, um aumento de 6 pontos percentuais da sinistralidade em base anual, para 67%.