Fundada em 2019 na Colômbia, a fintech Addi acaba de captar R$ 350 milhões em uma rodada que combina equity e dívida. Boa parte dos recursos vai ser usada na operação brasileira, aberta em março deste ano.

Desse total, R$ 186,6 milhões são de um aporte liderado pela Union Square Ventures, com a participação de 8VC, Citius Capital, Endeavor Catalyst, The Marathon Fund e GGV Capital. Os investidores anteriores, Andreessen Horowitz, Foundation Capital, Monashees e Quona Capital, também seguiram a rodada.

O capital restante é uma linha de crédito da Architect Capital, que será usada para emprestar dinheiro aos clientes da fintech. Essa é a sétima rodada de investimentos que a Addi levantou. No total, a startup colombiana já recebeu R$ 516,9 milhões.

"Menos de 35% dos brasileiros têm cartão de crédito. É uma oportunidade enorme” diz Daniel Vallejo, cofundador da Addi, ao lado de Santiago Suarez e Elmer Ortega.

A Addi se baseia no modelo da americana Affirm, que vale US$ 14,3 bilhões na Nasdaq, e da sueca Klarna, avaliada em rodadas privadas em US$ 31 bilhões. Seu modelo de negócio é conhecido internacionalmente como “buy now, pay later.” No Brasil, no entanto, poderia ser traduzido como o bom e o velho crediário da Casas Bahia, mas em sua versão digital.

A solução da Addi fornece crédito ao consumidor sem garantias no ponto de venda de lojas físicas ou em sites de e-commerce, sem burocracia e de forma rápida.

Em 2021, a Addi já realizou mais de 35 mil transações na Colômbia, um crescimento de cinco vezes no volume de transações de janeiro a maio, na comparação com o mesmo período no ano passado. No Brasil, a previsão é emprestar mais de R$ 1 bilhão nos próximos dois anos.

Com os recursos, a meta da Addi é aumentar a equipe tanto no Brasil como na Colômbia. “Atualmente, nossa equipe do Brasil tem cerca de 30 pessoas e o objetivo é ampliá-la para 80 a 100 funcionários até o fim deste ano”, diz Vallejo.

A segunda frente para o uso do dinheiro é expandir os varejistas que podem usar a Addi para fornecer crédito aos seus clientes. Atualmente, ela conta com um total de 50 parceiros. Entre eles estão Atacadão da Ótica, AM Ferramentas, Calçado Fácil, Erva Doce, FuteSports e K-Line Store. A solução da Addi é também integrada em várias plataformas de e-commerce, como VTEX, Nuvemshop e WooCommerce.

Os fundadores da Addi: Santiago Suarez, Daniel Vallejo e Elmer Ortega

Para fornecer crédito sem garantia, a Addi desenvolveu um algoritmo que cruza verificação de identidade com dados de birôs de crédito e de diversas outras fontes. “Nosso formato faz uma avaliação bruta dos dados que avalia se o cliente é viável ou não, fornecendo a aprovação em poucos minutos. Hoje, estamos focados em tornar essa experiência a mais conveniente possível”, afirma Vallejo.

Para conseguir o empréstimo, o consumidor precisa fornecer apenas o CPF, o número de celular com acesso ao WhatsApp e um e-mail. A aprovação do crédito demora, segundo a Addi, no máximo, quatro minutos. Quando o valor é liberado, basta escolher em quantas parcelas pagar. Na sequência, um código para liberar o crédito é enviado ao celular e a compra é concluída.

O modelo de negócios da Addi envolve a cobrança de uma taxa junto aos estabelecimentos parceiros por operação de crédito concluída. E, como todos que emprestam dinheiro, ela conta com uma remuneração baseada nos juros.

Segundo Vallejo, a fintech trabalha com taxas de 2,99% ao mês, índice que representa, em média, um quarto do cobrado por administradoras de cartão de crédito.

Por conta desse modelo, a Addi quer ser opção ao parcelamento por cartão de crédito e as financeiras de grandes varejistas. “Buscamos também a parcela da população que tem um cartão de crédito, mas não o utiliza por não achar vantajoso”, afirma Vallejo.

O mercado de crédito sem garantia é uma área que tem ganhado a atenção de fintechs. A principal delas é a Open Co, fusão da Rebel com a Geru, que conta com 100 mil clientes e já originou mais de R$ 1,5 bilhão em empréstimos.

Até mesmo os varejistas tradicionais estão modernizando o velho carnê. É o caso da Via (ex-Via Varejo), dona da Casas Bahia e a do Ponto (ex-Ponto Frio). Com 25 milhões de clientes com crédito pré-aprovado, o carnê digital da rede varejista já tem usuários em 500 cidades nas quais a Via não tem presença física.

O Magazine Luiza também está avançando nessa área digital. O Magalu Pay já conta com 3 milhões de contas e o Magalu Pagamentos movimenta mais de R$ 2,7 bilhões.