A economia ia muito bem, obrigado, quando Carl Icahn contrariou todas as previsões e apostou na venda descoberta de dívidas de shopping centers.  A lógica do investimento era simples: o comércio eletrônico ia crescer e os grandes centros de vendas iriam sofrer.

Fazia sentido. Mas, mesmo assim, Icahn foi bastante criticado pelo movimento. O investidor, no entanto, insistia e alegava que, no longo prazo, investir "contra" os shopping centers poderia lhe render pelo menos US$ 400 milhões.

Mas, de acordo com o New York Post, o megainvestidor americano errou. Na verdade, errou feio.

Com a paralisação econômica em virtude do combate à pandemia do coronavírus, que obrigou o comércio não-essencial a fechar suas portas, o retorno de Icahn está na ordem de US$ 5 bilhões – muito maior (e muito mais rápido) do que o esperado.

Essa reviravolta no cenário mundial fez dessa a mais importante aposta do americano de 84 anos desde que ele investiu US$ 5 bilhões na Apple, em 2013. 

Icahn, cuja fortuna é estimada em US$ 14 bilhões, tem cerca de US$ 20 bilhões sob sua tutela e é conhecido por ser arriscado, certeiro e polêmico na mesma proporção.

Ativo no mercado de compra e vendas de ações desde 1968, o americano é um investidor ativista, famoso pela frase "muita gente morre lutando contra a tirania, o mínimo que posso fazer é votar contra ela".

O investidor, que já foi conselheiro do presidente americano Donald Trump, ganhou recentemente as manchetes de jornais por criticar a recusa da HP à oferta de compra da Xerox, duas companhias nas quais investe.

Agora, o bilionário volta a ser notícia por essa operação de alto risco, que  "derrubou" seu protegido Eric Yip, da Alder Hill Management, segundo reportagem do The Wall Street Journal.

Ainda de acordo com o jornal, o movimento do investidor era na queda de um índice pouco conhecido, chamado CMBX 6, que acompanha o valor de 25 seguradoras de hipotecas comerciais.

Esse índice chamou atenção de Icahn porque expõe de maneira clara os empréstimos feitos em 2012 a shoppings que, nos últimos meses, têm enfrentado dificuldades. 

Apesar dos desafios, ninguém poderia imaginar algo na dimensão do desafio econômico atual, com quarentena obrigatória e paralisação global do comércio não-essencial. Isso levou o índice CMBX 6 a cair 95%.

Procurada para comentar a situação do setor e o investimento de Icahn, o Conselho Internacional de Shopping Centers não retornou às ligações e mensagens do NeoFeed.

O que se sabe, por ora, é que a organização já encaminhou um pedido ao presidente Trump para suspender a interrupção das atividades de lojistas e restaurantes, citando uma "tensão intransponível" que a situação delegou aos shopping centers. 

Para se ter uma ideia, o Simon Property Group, um dos maiores players do setor, viu suas ações caírem 68% nos últimos seis meses. Até a tarde desta quarta-feira, 1 de abril, os papéis da empresa recuavam 14%, sendo negociados a US$ 47. 

Mas a perda de uns representa o ganho de outros.  Essa aposta contra os donos de shopping está ajudando Icahn a balancear seus investimentos, que também foram afetados pela crise da Covid-19.

A Occidental Petroleum, uma das queridinhas do bilionário, despencou 75% desde o começo do ano, assim como a Caesars Entertainment, de hotéis e cassinos, que caiu 50%. 

Vale ponderar, contudo, que os ganhos obtidos nesta queda-de-braço com o índice CMBX 6 estão apenas no papel. Se ninguém comprar seus posições, ele talvez tenha que esperar até 2022 para materializar seu lucro.

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