Um comunicado conjunto divulgado na quinta-feira, 26 de janeiro, assinado pelo presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Josué Gomes da Silva, e seu antecessor, Paulo Skaf, indicam que a disputa interna na entidade está próxima do fim.

Na nota, em tom conciliador, fica clara a tentativa das duas lideranças em superar as divergências envolvendo representantes de sindicatos patronais de oposição, ligados a Skaf, e o atual presidente da entidade – que chegou a ser destituído em uma assembleia geral no dia 16 de janeiro, cujo resultado não foi reconhecido por Gomes da Silva.

O documento, no entanto, não esclarece se a destituição do presidente da Fiesp será anulada. E sequer traz o cargo dos signatários – apenas um fac-símile das assinaturas, com os respectivos nomes abaixo.

“Ficou o dito pelo não dito”, afirmou no início da noite uma fonte próxima a Gomes da Silva, referindo-se ao possível desfecho do impasse da assembleia geral.

Outra fonte, ligada ao agronegócio e com bom relacionamento com os dois grupos, assegurou que Gomes da Silva segue no cargo e a questão da destituição será simplesmente deixada de lado.

“O Josué, inclusive, vai representar a Fiesp numa reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na próxima segunda-feira”, diz a fonte.

Segundo ele, as articulações para um entendimento partiram do empresário Dan Ioschpe, 2º Vice-Presidente da Fiesp, que fez a intermediação com Skaf e, depois, com representantes dos sindicatos ligados à oposição.

“Todos chegaram à conclusão de que era uma briga que ia se estender e não levaria a lugar algum”, acrescentou a fonte.

“Gestão abrangente”

Logo no início, a nota conjunta admite que a entidade passou nas últimas semanas “por momentos de discussões, internas e públicas” e “cabe a nós dar o exemplo de superação de divergências”.

O documento dá pistas de que o entendimento entre os dois grupos envolve “uma gestão mais ampla e abrangente da Fiesp”, algo que já estava sendo articulado.

Na última segunda-feira, 23 de janeiro, num primeiro gesto de conciliação, Gomes da Silva comandou uma reunião na sede da Fiesp, aberta à participação de todos os sindicatos, para discutir a governança da entidade patronal.

O objetivo era avançar na criação de um ou mais comitês de aprimoramento da governança, atendendo a propostas feitas durante a assembleia que o destituiu.

A baixa participação dos sindicatos de oposição nesta reunião – apenas 30 dos 120 sindicatos filiados à Fiesp enviaram representantes – expôs a distância entre os dois lados envolvidos na crise.

“A busca do entendimento foi muito discutida na reunião da última segunda-feira, o Josué sempre procurou o entendimento”, afirmou o empresário Eduardo Capobianco, um dos vice-presidentes não numerado da Fiesp.

A ausência de participação dos representantes de sindicatos patronais de pequenas indústrias nos diversos conselhos da entidade, que foram trocados por integrantes da grande indústria na nova gestão, era um dos principais motivos da rebelião contra Gomes da Silva.

Na nota conjunta, os dois signatários afirmam acreditar que “a participação de todos os sindicatos filiados, por meio de suas lideranças, seja fundamental” para a Fiesp.

“Também é fundamental que o reconhecimento àqueles setores formados por empresas pequenas e medias, fundamentais empregadoras, seja contínuo e representativo”, diz a nota.

Um empresário ligado ao grupo de Gomes da Silva, que não quis se identificar, afirma que a mudança de postura do grupo contrário ao presidente era uma questão de tempo.

“Alguns sindicatos já tinham me informado que tinham mudado de posição”, diz o empresário. “Eles caíram na real: o resultado da briga estava sendo péssimo para a Indústria e em especial para essa oposição.”