Desta vez, a câmera vai caminhar pelas salas e corredores da Ala Leste da Casa Branca, em Washington. Depois de tantas séries com foco nos bastidores da Ala Oeste, que abriga o famoso Salão Oval, onde o presidente americano trabalha, a missão de “First Ladies” será resgatar as decisões mais impactantes tomadas no gabinete da primeira-dama.

Michelle Obama, Betty Ford (1918-2011) e Eleanor Roosevelt (1884-1962) serão as estrelas da primeira temporada da série, encomendada pelo canal Showtime, dos EUA. O projeto é o carro-chefe de 2021 da JuVee Productions, que se prepara para gravar o drama televisivo de fevereiro a maio, em Atlanta.

Baseada em Los Angeles, a produtora foi criada em 2011 pela atriz Viola Davis, para trazer “mais diversidade e complexidade”, sobretudo na representação dos negros nas obras de audiovisual. A própria Viola vai interpretar Michelle Obama, a primeira negra a ocupar o cargo de primeira-dama nos EUA (de 2009 a 2017).

“Estou apavorada”, disse Viola, por videochamada, de sua casa em Los Angeles, em evento online que teve cobertura do NeoFeed. A atriz, que é CEO da JuVee Productions, participou de um painel virtual realizado durante o Festival de Sundance, que segue até o dia 3 de fevereiro.

“Não conheço bem Michelle, mas estou em contato com ela por conta do papel. E a cada conversa que temos, fico com mais medo. Ela é tão extraordinária quanto parece”, afirmou a atriz, vencedora de um Oscar. Ela foi premiada, como coadjuvante, por “Um Limite Entre Nós” (2016).

Viola adiantou que o retrato de Michelle aqui não será uma “versão nostálgica” da ex-primeira-dama, como costuma acontecer com produções biográficas. “Muitas vezes, a personagem acaba sendo mais interessante do que, de fato, é. Michelle me deixa sem palavras toda vez que abre a boca. Ela é muito autêntica”, contou a atriz.

Ainda sem plataforma de exibição confirmada no Brasil, a série abordará desde a juventude de Michelle em Chicago. Essa fase, em que a personagem será vivida por Jayme Lawson, incluirá a sua formação em Harvard e na Princeton e o casamento com Barack Obama em 1992, aos 28 anos.

"Ela (Michelle Obama) foi uma grande defensora da educação das meninas, reinventou os cardápios das escolas, buscando uma alimentação mais saudável", diz Viola Davis

Na pele de Viola, a personagem terá destaque como primeira-dama, mostrando o legado que Michelle deixou na Casa Branca. Ela foi uma grande defensora da educação das meninas, reinventou os cardápios das escolas, buscando uma alimentação mais saudável, e ainda combateu firmemente o racismo e o machismo.

“No total, a primeira temporada englobará quase cem anos de história americana”, disse Andrew Wang, chefe do departamento de televisão da Juvee Productions. O drama também revisitará a passagem de Eleanor Roosevelt pela Casa Branca, de 1929 a 1932, e a Betty Ford, de 1974 a 1977.

Ainda não foi confirmada a atriz que viverá Eleanor, que foi uma defensora dos direitos humanos. No caso de Betty, Michelle Pfeiffer foi escolhida para encarnar a primeira-dama que foi uma das líderes do movimento feminista e discutiu questões controversas na época, como aborto e drogas. Ela mesma sofria de alcoolismo.

“Vamos resgatar as histórias de Eleanor e de Betty, que aparentemente foram esquecidas”, afirmou Wang. “A ideia é abrir a porta a todas essas mulheres com trajetórias fantásticas, mostrando o que significa trabalhar na Ala Leste da Casa Branca”, completou ele.

Para Viola, “First Ladies” é o projeto ideal para fazer o público “se apaixonar pelo sexo feminino”. “Destacamos a contribuição extraordinária que as mulheres dão ao mundo e à vida dos homens e das outras pessoas ao seu lado. Não só com inteligência, mas com coragem. E uma coragem emocional”, contou a atriz.

Outro projeto em andamento na JuVee Productions é o filme “The Woman King”, realizado em parceria com os estúdios Sony. Trata-se da jornada de Nanisca, uma oficial do exército de mulheres do Reino do Daomé, que existiu entre 1600 e 1904 na África, região onde se encontra hoje a República do Benin.

Também estão em desenvolvimento na produtora o thriller “The Personal History of Rachel Dupree”, sobre a luta de sobrevivência de uma mulher afro-americana em 1917, e a cinebiografia de Barbara Jordan (1936-1996). Ela foi a primeira pessoa negra eleita senadora no Texas, além de liderar movimentos pelos direitos civis.

Criar uma plataforma para si mesma foi o que inicialmente motivou Viola a enveredar pela produção, inaugurando a JuVee em parceria com o marido, o ator Julius Tennon. “Depois de ‘Histórias Cruzadas’ (filme de 2011, em que a atriz encarnou uma empregada doméstica dos anos 60), ficou claro que eu não teria papéis para explorar todo o meu talento e o meu potencial”, contou a atriz.

Apesar de a “necessidade pessoal” ter guiado Viola na criação da produtora, a empresa da atriz tem hoje uma missão mais abrangente. “Não poderia ser apenas um canal para Viola, por existirem tantas outras vozes emergentes em Hollywood que não tinham espaço para crescer”, contou Julius Tennon, o presidente de desenvolvimento e produção da JuVee.

Para Viola, a gênese da empresa pode ser resumida com a frase “É preciso ensinar como os outros devem tratar você”. “Tivemos que mostrar às pessoas com uma visão mais limitada quem são os negros e do que eles são capazes”, disse ela.

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