O que Buzz Lightyear queria dizer com o bordão “ao infinito e além!’’? Seria o patrulheiro espacial de “Toy Story” um viajante do tempo também? E qual a missão que fez dele uma lenda, a ponto de o astronauta ganhar um boneco em sua homenagem?
“Lightyear”, um dos principais lançamentos de 2022, foi concebido para responder a essas perguntas no aguardado “spin-off” da franquia de brinquedos, inaugurada em 1995. O termo é usado na indústria do entretenimento para descrever uma obra derivada de outra, geralmente detalhando um personagem ou outro aspecto do original.
Resgatar a franquia de “Toy Story” com “Lightyear”, com estreia marcada para 17 de junho, parece a melhor estratégia. Até porque um “Toy Story 5” talvez fosse esticar demais. O terceiro filme, lançado em 2010, já poderia ter sido a despedida perfeita de Woody e sua turma, com a ida de Andy para a faculdade.
“Toy Story 4” (2019) foi um risco, ao mostrar como andava a vida dos bonecos na casa da nova dona, Bonnie. Mas deu certo. Além de ter revolucionado o mercado de animação com o uso da computação gráfica no primeiro filme, a franquia que arrecadou mais de US$ 3 bilhões de bilheteria mundial é uma das poucas que até hoje nunca decepcionou seus fãs.
Suas continuações sempre foram tão boas quanto o original, uma proeza em Hollywood. A própria Pixar, projetada mundialmente com “Toy Story”, perdeu a mão com a franquia “Carros”, apresentando duas sequências com qualidade muito inferior a do primeiro filme.
“Lightyear” representa a chance de expandir o universo de “Toy Story”, mas sem precisar manter o foco narrativo no desejo dos brinquedos de serem amados por seus donos. Retomar mais uma vez um conceito tão explorado seria abusar da sorte.
Contar a vida do herói que inspirou o boneco Buzz Lightyear é uma empreitada muito mais instigante. Tanto que o trailer do filme, lançado no final de outubro, alcançou 83 milhões de visualizações em menos de 24 horas, tornando-se o mais visto da Disney em 2021. Até então o recorde era de “Eternos”, com 77 milhões de views em 24 horas.
Mesmo sendo um coadjuvante em “Toy Story”, Buzz Lightyear é mesmo o personagem da franquia mais indicado para estrelar o “spin-off”. O astronauta simplesmente abre as portas para a ficção científica, um nicho em que a Pixar já obteve sucesso.
“Wall-E’’, lançado em 2008, provou que o gênero pode dar certo na animação, ao arrecadar mais de US$ 521 milhões mundialmente com a história do robozinho deixado sozinho na Terra para limpar o planeta (abandonado pelos humanos) do lixo tóxico.
Angus MacLane, que foi diretor de animação de “Wall-E’’, até foi o escolhido para comandar “Lightyear”. Na Pixar, ele ainda foi codiretor de “Procurando Dory” (2016), em parceria com Andrew Stanton.
Buzz Lightyear já chegou a estrelar um “spin-off”, que passou despercebido. Entre 2001 e 2003, ele viveu aventuras intergalácticas, mais voltadas ao público infantil, na série de animação de TV. No Brasil, “Buzz Lightyear do Comando Estelar” foi apresentada no Brasil no extinto Disney Club.
Para a nova jornada individual do astronauta, agora para ser apreciada no cinema, a Pixar usa como base o que foi revelado sobre o personagem ao longo da franquia. Sabemos que o nêmesis do patrulheiro é o imperador Zurg, inspirado em Darth Vader, de “Stars Wars”.
Há também detalhes técnicos no figurino do personagem, já conhecidos, que serão explorados. Como as asas de liga carbônica e o dispositivo que permite lançar laser pelo braço.
Outra dica, sobre o que o filme vai abordar, vem do primeiro “Toy Story’’. Assim que o menino Andy ganha o patrulheiro como presente de aniversário, Buzz Lightyear imagina que sua nave espacial caiu por engano no quarto da criança.
Daí vem a pergunta do astronauta: “Vocês ainda usam combustível fóssil ou descobriram a fusão cristalina?”. No trailer, antes do lançamento de uma nave, dá para ver que um cristal é usado como combustível.
A história começa com Buzz Lightyear como um jovem piloto de testes, ainda em treinamento para se tornar um patrulheiro do Comando Estelar – encarregado de manter a vida na galáxia, livrando-a dos perigos. Ao longo da narrativa, e agora dublado por Chris Evans, o Capitão América da Marvel, o personagem vai se tornar o herói que o mundo conhece.
Dá para ver também que o astronauta se prepara para o seu primeiro voo espacial solo. E a missão, “ao infinito e além”, como o personagem gosta de dizer, envolve uma viagem acidental no tempo, possivelmente ao futuro, pelas pistas deixadas no trailer, no quadro com as instruções do voo dada por um robô.
E para embalar a aventura no espaço nada melhor que uma das músicas preferidas dos astronautas, “Starman”, de David Bowie, que já aparece no trailer. Lançada em 1972, sua letra representa notícias de esperança enviadas pelo homem das estrelas ao planeta Terra, via Ziggy Stardust, um roqueiro capaz de retransmitir mensagens espaciais.