Um dia depois de o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgar que o Produto Interno Bruto (PIB) do país avançou 1,9% no primeiro trimestre de 2023 em relação ao trimestre anterior, número que surpreendeu o mercado, pelo menos dez instituições bancárias revisaram para cima nesta sexta-feira, 2 de junho, sua projeção para o crescimento da economia brasileira em 2023.
Expectativa de mais crescimento da agropecuária – que puxou o aumento do PIB no primeiro trimestre, com avanço de 21,6% -, melhora no índice de consumo e resiliência do mercado de trabalho estão entre os argumentos usados para justificar a revisão para cima.
Nem todas as instituições anunciaram a nova estimativa em números – como foi o caso de Itaú, Santander, XP, C6 e BNP Paribas. Mas entre as que já divulgaram sua projeção, o Bank of America foi a que calculou a maior variação – de 0,9% de crescimento do PIB em 2023, anunciado anteriormente, para 2,3% a partir de agora.
Na justificativa, os analistas David Becker e Natacha Perez ressaltam que, apesar de alta oferta provocada pelo setor agrícola, o resultado do PIB do primeiro trimestre reflete os efeitos da política monetária do Banco Central (BC), que vem dando resultados no intuito de baixar a demanda interna da economia. “Sem pesar a agricultura na balança do PIB, o PIB brasileiro teria crescido 0,4% no primeiro trimestre”, diz o relatório do Bank of America.
O Citibank chamou a atenção por ter feito duas revisões do PIB para cima em poucos dias. Até meados de maio, o banco trabalhava com um crescimento de apenas 0,3% do PIB brasileiro este ano. Num relatório divulgado em 30 de maio, a previsão foi revista para 1%. Nesta sexta-feira, após o anúncio do IBGE, a estimativa de crescimento da economia em 2023 do Citi deu um salto, para 2,3%.
“Apesar de acreditar que a maior parte desse aumento da atividade é temporário, algumas evidências sugerem possíveis repercussões para o resto da economia (especialmente o mercado de trabalho muito forte), motivando outro ajuste para cima em nossa estimativa”, diz o banco em relatório, atribuindo o excelente resultado do primeiro trimestre ao desempenho do setor agropecuário.
O Bradesco também anunciou sua terceira projeção do PIB de 2023 desde janeiro. Em abril, aumentou sua expectativa de crescimento da economia no ano de 1,5% para 1,8%. Nesta sexta-feira, elevou o índice para 2,1%.
“O resultado surpreendente da agropecuária no primeiro trimestre, juntamente com a resiliência do mercado de trabalho e o aumento das transferências de renda levaram o Bradesco a revisar sua projeção”, aponta o relatório.
Já o banco americano Goldman Sachs destacou o crescimento do setor de serviços pelo 11º trimestre consecutivo. O banco revisou a previsão para o PIB de 2023 de 1,75% para 2,6% - o índice mais elevado anunciado no dia.
“Daqui para a frente, esperamos que a atividade econômica se beneficie de estímulos fiscais e de transferências do governo para famílias de baixa renda com propensão ao consumo, além do impacto de preços favoráveis dos alimentos na renda disponível dos brasileiros”, afirma o economista Alberto Ramos, que assina o relatório do Goldman Sachs.
O J.P. Morgan, outro banco estrangeiro, ressalta que o PIB do primeiro trimestre mostra uma tendência de queda para a inflação em 2023. Apesar de manter a previsão de início de corte da taxa Selic pelo BC apenas para o quarto trimestre, o banco revisou de 1,7% para 2,4% a estimativa de crescimento do PIB em 2023.
Entre as instituições que apenas prometeram revisar para cima sua estimativa, sem divulgar número, estão a XP (que projetava crescimento de 1,4% do PIB), Santander (1,0%), C6 (1,5%) e BNP Paribas (1,2%).
O Itaú, que havia revisado sua previsão de 1,1% do início do ano para 1,4% em maio, deve anunciar em breve sua nova estimativa. “Ao longo dos próximos trimestres, esperamos desaceleração da atividade econômica, com crescimento ligeiramente positivo”, diz o banco.