Clipes de música 24 horas por dia, todos os dias. A sinopse da "velha" MTV, lançada em 1981, volta a ser notícia com a estreia da Apple Music TV, nova plataforma de streaming da gigante liderada por Tim Cook.

Disponível apenas nos Estados Unidos, a iniciativa foi ao ar nesta segunda-feira, 19 de outubro, com a exibição ininterrupta dos videoclipes das 100 músicas mais tocadas na Apple Music nos Estados Unidos.   

Gratuita a todos os usuários, esse canal online pode ser acessado pelo aplicativo da Apple Music ou pela Apple TV.  Além da reprodução de clipes já conhecidos, a plataforma vai ser palco para estreias e difusão de conteúdo exclusivo, como shows ao vivo, entrevista e mais. 

Na quinta-feira, 22 de outubro, por exemplo, a Apple Music TV vai dedicar 24 horas da sua programação ao artista Bruce Springsteen. A ideia é promover o trabalho do cantor para o lançamento de seu novo álbum "Letter to You". Além dos clipes de Springsteen, uma entrevista conduzida pelo radialista Zane Lowe será exibida pouco antes de um evento ao vivo com mil fãs do músico. 

Às sextas-feiras, a promessa é sempre apresentar o lançamento de pelo menos um novo vídeo clipe. Nesta primeira data, a premiere será a representação visual da música "777", do cantor japonês Joji, e de "Gorgeous", single trabalhado pelo rapper Saint Jhn. 

Para liderar essa operação, a Apple escalou sua executiva de longa data Rachel Newman, que numa entrevista à revista Variety afirmou que "o propósito desse projeto é criar mais um espaço para os consumidores aproveitarem música". Newman também garante que não haverá comerciais na nova plataforma, cuja premissa é ser eclética, a fim de atender a todos. 

Com essa aposta, a Apple quer criar um diferencial de seus concorrentes. O Spotify, com 130 milhões de usuários pagantes, tem quase o dobro de assinantes da Apple Music e 35% do mercado. A empresa de Tim Cook conta com uma fatia de 19%, a frente da Amazon Music, com 15%.

A Apple Music TV é também uma ofensiva ao YouTube, que até então não via grandes ameaças no setor. Na lista dos 10 vídeos mais vistos na plataforma de vídeos do Google em 2020, oito são videoclipe.

O ranking é encabeçado pelo clipe da música "Despacito", do cantor latino Luis Fonzi, que acumula 7 bilhões de visualizações. Na segunda posição vem o hit infantil "Baby Shark", com 6,8 bilhões de views, e "Shape of You", de Ed Sheeran, com pouco mais de 5 bilhões de visualizações. As exceções desta "parada do sucesso" do YouTube são as animações infantis "Masha and Bear" e "Learning Colors". 

Anos atrás, a Vevo, uma plataforma online para videoclipes lançada em 2009, chegou a montar uma estratégia para "incomodar" o YouTube. A ideia era "fidelizar" selos e gravadoras com um plano de mídia e marketing e, com isso, lançar uma iniciativa própria.

Atualmente, porém, a Vevo concentra todas suas ações na plataforma do Google, onde conta com uma média de 5,5 bilhões de visualizações mensais e uma biblioteca com mais de 100 mil clipes em alta definição.

A Apple não divulga quanto fatura com a Apple Music, nem o montante investido na nova proposta de streaming. O que se sabe, porém, é que este pode ser um passo para negócios maiores.

Da mesma forma como a MTV explorou seu conteúdo com premiações, que ainda são relevantes, como o MTV Music Awards e MTV Movie Awards, a gigante de Tim Cook pode trilhar o mesmo caminho.

A recepção da bolsa à novidade não foi muito positiva, com as ações da Apple caindo 2% – o suficiente para a companhia ceder a marca de US$ 2 trilhões de valor de mercado, valendo agora US$ 1,99 trilhão. 

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