A Monett, que se define como streaming de filmes e séries voltados para investidores, com a proposta de ser uma espécie de “Netflix dos investimentos”, nem foi ao ar ainda mas já está preparando um novo tipo de conteúdo para ser incorporado à sua plataforma.

Com lançamento previsto para 29 de setembro, a Monett vai também oferecer aos seus assinantes recomendações de investimentos em startups brasileiras. Além dos filmes e séries, a companhia já havia anunciado que teria cursos e carteiras recomendadas.

“Já vamos nascer com quatro filmes, três cursos, oito carteiras recomendadas e o programa de startups”, diz ao NeoFeed a CEO da plataforma, Olivia Alonso, ex-sócia da Empiricus e uma das fundadoras da Inversa Publicações, também uma casa de análise.

A Monett informa que planeja chegar a 20 mil assinantes até o fim deste ano. A meta é ter 200 mil no ano que vem. O objetivo é ser uma central de conteúdo, com foco em vídeos, para investidores que buscam informações antes de tomar decisões.

A assinatura custará R$ 49,90 por mês, mas terá um valor promocional de R$ 19,90 para quem assinar no primeiro mês de operação do streaming.

Olivia Alonso, CEO da Monett

A recomendação de startups, que também será em formato audiovisual, é um reforço à estratégia de ter uma oferta ampla, seja para pessoas leigas, que querem aprender o básico, ou para investidores-anjo, que estão à procura de startups para investir.

Os negócios a serem analisados são aqueles que estão listados em plataformas de equity crowdfunding, as tais “bolsas de startups”, como CapTable, Eqseed e Kria. Apenas aquelas que contam com a aprovação da Monett terão a análise disponibilizada. As “rejeitadas” ficam de fora.

Este será um primeiro passo da Monett para, em algum momento, também ser uma plataforma de equity crowdfunding. “Nós mesmos pensamos em ter o nosso programa de captação para startups, para os nossos assinantes”, diz Luiz Cesta, sócio da Monett e responsável pelas análises.

A decisão de entrar na recomendação de companhias listadas em plataformas de equity crowdfunding se deve ao amadurecimento da regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que começou a organizar o mercado em 2017.

“Ainda não há um mercado secundário, para compra e venda de ações nas plataformas, mas, quando houver, também vamos atuar com recomendações”, afirma Cesta.

Opções de investimentos não vão faltar. Desde que a CVM começar a regular o mercado, o número de plataformas registradas saltou de três para 40. No ano passado, as captações movimentaram R$ 84 milhões, 43% a mais que em 2019.

Segundo Cesta, a análise das startups será feita principalmente com base em documentos que são publicados pelas plataformas de equity crowdfunding, como planos de negócios, orçamentos, balanços com resultados e certidões tributárias. O método, porém, vai variar de acordo com o estágio de amadurecimento do negócio.

“Se a startup ainda é só uma ideia, a análise vai se concentrar nos fundadores, como o histórico deles, a capacidade de execução e complementaridade entre eles”, diz Cesta, que pretende também conversar com os empreendedores para conhecê-los mais a fundo.

Já se é uma startup com um protótipo pronto, com um produto que já é vendido, será preciso identificar qual o potencial de escalabilidade daquele negócio e se é possível crescer com um custo baixo. “Também olhamos a participação dos fundadores na startup. Se é pequena, talvez eles percam interesse em levar o negócio adiante”, afirma Cesta.

Para Cesta, uma das maiores dificuldades é definir o valor de mercado da companhia, uma vez que as startups são empresas com pouco ou nenhum histórico. Uma das saídas, segundo ele, é comparar o custo de aquisição de clientes com a estimativa de “lifetime value”, ou seja, o quanto um consumidor pode deixar de dinheiro na companhia.

“Quanto maior a diferença entre o custo de aquisição e o quanto o cliente deixa de receita, maior a chance de você conseguir escalar o negócio”, diz Cesta.

Cesta explicou que ainda não há uma lista de startups definidas para serem recomendadas logo no lançamento da Monett, pois vai depender daquelas que estarão listadas nas plataformas alguns dias antes. Uma companhia que é ofertada hoje, por exemplo, pode ter a captação encerrada já no dia seguinte.

Em um mercado embalado por uma demanda cada vez maior por conteúdo financeiro, a Monett não será a única com a proposta de ser um streaming de investimentos. A Guide Investimentos, por exemplo, lançou em agosto o Guia Financeiro, com vídeos, podcasts e análises de mercado. Com mensalidade de R$ 39,90, a plataforma também pretende chegar a 200 mil assinantes em 2022.

Em abril, o influenciador de finanças Thiago Nigro, que faz sucesso com vídeos no YouTube e é um dos sócios do Grupo Primo, lançou a Finclass, um streaming focado em educação financeira. A plataforma cobra R$ 39 por mês e tem a meta de chegar a 1 milhão de assinaturas em três anos. Para ser lançada, foram investidos R$ 30 milhões.

A Monett não revela o tamanho do investimento realizado para colocar o negócio de pé. Diz apenas que os recursos são dos oito sócios-fundadores e de uma rodada feita com parentes e amigos, no chamado “family and friends”.