Fundada em 1966, a Best Buy fez sua fama no mercado ao se consolidar como um sinônimo de vendas de produtos eletrônicos. Agora, no entanto, a varejista americana quer adicionar outras receitas a esse modelo.
O caminho escolhido para concretizar esse plano é o mercado de saúde que, nos Estados Unidos, movimenta anualmente cerca de US$ 4 trilhões e deve gerar US$ 5 trilhões em 2025, segundo o US Centers for Medicare and Medicaid Services.
Como parte da estratégia em direção a essas cifras, a Best Buy investiu, nos últimos anos, na venda de vestíveis e de outros dispositivos de medição e controle da saúde. Agora, a rede está avançando na área ao focar em uma plataforma com a oferta de serviços relacionados aos cuidados remotos dos pacientes.
“Se vamos usar a tecnologia para ajudas as pessoas a cuidarem de si mesmas, precisamos ajudar as pessoas a usarem a tecnologia”, disse Deborah DiSianzo, CEO da Best Buy Health, em evento do setor realizado nesta segunda-feira em Boston, segundo o site americano Business Insider.
Nessa abordagem, a Best Buy quer auxiliar os usuários a configurar, integrar e entender as ferramentas e equipamentos voltados ao atendimento remoto, recomendados por seus. Algo que pode parecer simples, mas que, na prática, mostra-se muitas vezes um grande desafio.
A executiva citou o exemplo do seu marido, que teve um derrame em 2020. Orientado por um neurologista, ele comprou um medidor de pressão arterial, que deveria ser conectado ao aplicativo Apple Health para que os dados pudessem ser transmitidos ao médico, o que se provou uma experiência bem complicada.
No evento, Deborah observou que os call centers da Best Buy recebem cerca de 20 mil ligações mensais com dúvidas semelhantes. E destacou que, entre outros serviços, a rede tem uma equipe de 1,4 mil funcionários em centros de assistência para ajudar a solucionar essas questões.
Na pandemia, a varejista fechou acordos com hospitais para estabelecer programas nessa direção. Outro movimento recente na construção de sua plataforma veio em 12 de outubro, quando a empresa anunciou a compra da Current Health.
Fundada em 2015, a healthtech tem sistemas que ajudam os médicos a monitorar remotamente os sinais vitais de seus pacientes e acompanhá-los por vídeo. A plataforma também inclui consultas virtuais e está conectada ao prontuário eletrônico dos usuários, além de emitir alertas quando eles precisam de ajuda clínica.
Em 2018, a Best Buy já havia comprado a GreatCall, empresa de serviços de saúde voltada ao atendimento de pacientes idosos. No acordo, a rede investiu US$ 800 milhões.
Avaliada em US$ 29,7 bilhões, a Best Buy reportou uma receita de US$ 11,6 bilhões em seu primeiro trimestre fiscal, encerrado em 1º de maio, alta de 35,9% sobre igual período, no ano fiscal anterior.
Outras empresas do setor também estão olhando para os trilhões gastos em saúde no mercado americano. Esse é o caso da Amazon, que tem origem no varejo virtual, mas que, hoje, vai muito além do setor. E a incursão nesse mercado é justamente uma das avenidas abertas sob essa visão.
A estratégia da Amazon no segmento passa por diferentes vertentes. Da oferta de assistentes digitais e de sua infraestrutura de dados para hospitais e demais instituições do setor até um portfólio de exames clínicos e operações de farmácias.
Uma das iniciativas em destaque é a Amazon Care, que mescla serviços de telemedicina e atendimento presencial. Desenvolvida inicialmente para os funcionários da própria Amazon, em Seattle, o projeto começa a ganhar escala além dos limites da empresa, com planos de chegar a mais de 20 cidades americanas em 2022.
A Amazon também passou a oferecer testes caseiros de Covid-19, além de lançar, no fim de 2020, a Amazon Pharmacy, plataforma que reúne entregas e descontos para medicamentos em lojas físicas.
Antes, em 2018, a empresa chegou a estruturar uma joint venture com a Berkshire Hathaway, gestora de Warren Buffett, e o J.P. Morgan. Batizada de Haven, a companhia encerrou suas operações, no entanto, no início deste ano.
O Walmart é mais um varejista a ocupar esse terreno. Com uma divisão de Saúde e Bem-Estar, a companhia lançou, no último mês de junho, sua marca própria de insulina, com a promessa de oferecer preços até 75% mais baratos que gigantes do setor, como Eli Lilly, Sanofi e Novo Nordisk.
Assim como a Amazon, a empresa também tem investido, desde 2020, na abertura de clínicas de atenção primária nos Estados Unidos. E agora tem planos de avançar com essa operação para países como o México.