A gestora Verde Asset investiu em Loggi, Nubank e Trybe; a Constellation aportou na VTEX; a Brasil Capital entrou em rodada de captação da MadeiraMadeira; e a Dynamo, uma veterana nesse processo de investir em empresas de capital fechado, tem participação da Valemobi, entre outras.

Agora, mais uma gestora está entrando nessa onda de investir em startups antes de elas abrirem capital. A Clave Capital, de Rubens Henriques, está montando um time de profissionais para analisar oportunidades em empresas que estão em um estágio a partir de uma ou duas rodadas do IPO.

Por enquanto, essa área tem sido tocada por André Caldas, que cuida da estratégia de renda variável da Clave e dos fundos Clave Total Return e Clave Long Only. Mas quem teve acesso ao plano que está sendo delineado pela Clave disse ao NeoFeed que a ideia dos gestores é entrar em startups mais maduras, com modelos de negócio comprovados.

A Clave, que tem R$ 4 bilhões sob gestão, já fez dois investimentos em companhias com esse perfil. O NeoFeed apurou que a gestora entrou em extensões de rodadas nas fintechs Klarna e Revolut, duas das maiores startups do mundo quando o assunto é valuation.

Na lista da CB Insights, que traz os maiores unicórnios do mercado, a Klarna aparece em quinto lugar, com um valuation de US$ 45,6 bilhões. A Revolut, por sua vez, surge em oitavo lugar, com um valor de mercado de US$ 33 bilhões.

A Klarna é uma fintech sueca conhecida por atuar no chamado mercado de “buy now, pay later”, o bom e velho crediário que se popularizou na Europa e nos Estados Unidos durante a pandemia.

Com forte presença na Europa, ela fez recentemente uma parceria com a americana Stripe, avaliada em US$ 95 bilhões, para oferecer seus serviços nos Estados Unidos – o que vai dar um impulso para a fintech europeia.

Rubens Henriques, fundador e CEO da Clave Capital

Em junho, a Klarna, que tem o Ant Group, a BlackRock, a General Atlantic, o GIC e outros grandes nomes no seu cap table, captou US$ 639 milhões em uma rodada liderada pelo Softbank Vision Fund 2.

O dinheiro vai ser usado para a expansão internacional da companhia, que conta com 90 milhões de usuários, faturou US$ 1,2 bilhão e anotou um prejuízo de US$ 109,2 milhões, em 2020.

A britânica Revolut, a outra fintech a receber investimento da Clave, já captou US$ 1,7 bilhão desde sua fundação, em 2015. A rodada mais recente aconteceu, em julho, quando recebeu US$ 800 milhões em aporte liderado pelo Softbank Vision Fund 2 e participação da Tiger Global.

Com 16 milhões de clientes e presença na Europa, América do Norte, Ásia e América Latina, a companhia vai usar o dinheiro para expandir suas operações. Em seguida, deve partir para um IPO, assim como apostam analistas que olham a Klarna.

A participação da Clave nas duas empresas, dizem fontes, é pequena, mas abre espaço para a gestora aumentar sua posição em novas rodadas e ganhar em um futuro evento de liquidez.

O caso do Nubank, que vai abrir capital na Nasdaq, e busca um valuation superior a US$ 50 bilhões serve de exemplo. Quem apostou na fintech de David Vélez antes do IPO, provavelmente, vai multiplicar o capital investido.

Tanto a Klarna como a Revolut devem partir para um IPO até meados de 2023. E, para capturar mais oportunidades como essas, a Clave vai adotar a estratégia de investir nas empresas no meio do caminho entre um venture capital e private equity.

Não está descartada a possibilidade de criar veículos de investimentos específicos para isso. A entrada nas fintechs estrangeiras acontece também para que a gestora conheça mais a fundo o que as grandes companhias de tecnologia globais estão fazendo.

Ao estudar a fundo e entrar como investidora das companhias de growth equity, a gestora, que tem o BTG Pactual como sócio, consegue ter uma visão mais aguçada das empresas que podem se destacar no mercado.

Empresas como Globant, da Argentina; e as brasileiras CI&T, que vai fazer um IPO na Nasdaq, e Ebanx, que também está próxima de abrir capital no exterior, estariam na mira da Clave.