Três meses separam as duas rodadas captadas pela Inventa. A primeira, de R$ 30 milhões, veio em outubro de 2021, com a participação de fundos como OneVC e Maya Capital. Liderada pela icônica gestora americana Andreessen Horowitz e pela brasileira Monashees, a segunda, no valor de R$ 115 milhões, foi anunciada em janeiro deste ano.

Curiosamente, após cumprir o mesmo intervalo, a startup está reforçando essa média ao anunciar, nesta quarta-feira, 27 de abril, sua terceira captação. O aporte série B, de R$ 260 milhões, foi liderado pela americana Greylock, que traz no currículo investimentos em operações como Facebook e Airbnb.

Assim como a Greylock, outros fundos que já investiam na operação, criada há apenas 13 meses, estão acompanhando a rodada. Além de Andreessen Horowitz, Monashees, OneVC e Maya Capital, o cheque tem a assinatura de nomes de peso na indústria de venture capital, como Founders Fund e Tiger Global.

“Somos uma empresa simples, que faz o que fala, e essa série B, em pouco mais de um ano de vida, valida a nossa qualidade de execução”, diz Marcos Salama, cofundador e CEO da Inventa, ao NeoFeed. “Com esse aporte, podemos jogar um pouco mais de gasolina no fogo para acelerar os nossos planos.”

Na prática, o discurso que atraiu os investidores tem como base um marketplace B2B que conecta mais de 40 mil pequenos e médios varejistas a mais de 800 fornecedores. São cerca de 20 mil produtos nas categorias de beleza & bem-estar casa & decoração e mercearia, de marcas como Davene, Bio2 e Glup.

A plataforma também faz recomendações de produtos aos lojistas, com base nos itens mais vendidos em seu segmento. Esse portfólio inclui ainda ofertas de frete grátis, descontos nas mercadorias, prazo de até 90 dias ou parcelamento em até 12 vezes sem juros para que esse varejista renove o seu estoque.

Entre os planos que irão ganhar velocidade com o aporte está a entrada nas categorias de acessórios, bijuterias, pets e papelaria. A ideia é apertar o passo na prospecção para ampliar a base de cerca de 40 sellers nesses segmentos e lançar essas ofertas oficialmente ainda nesse trimestre.

“Para que isso aconteça, precisamos chegar a uma base entre 50 e 80 marcas”, conta Salama. “Ainda temos muito espaço para crescer nas categorias que já trabalhamos, mas os próprios varejistas estão demandando outras opções.”

Com a ambição de crescer a participação da Inventa na composição dos estoques dos lojistas, Salama diz que essa fatia atualmente é, em média, de 5%. Mas já existem clientes que compram mais de 50% do que oferecem na plataforma.

Para ampliar seu vínculo com esses varejistas, outra estratégia que ganhará fôlego é o desenvolvimento e a oferta gratuita de softwares para ajudar esses clientes a aprimorarem a gestão e ampliarem suas vendas.

Os planos com a nova injeção de recursos também passam pela expansão da operação a outras fronteiras. Programada para o segundo semestre, essa estratégia terá início pelos mercados do México e da Colômbia.

A abertura de novas operações será acompanhada pela ampliação do time da startup, formado atualmente por 230 funcionários. A projeção é chegar a um quadro entre 450 e 500 profissionais até o fim do ano.

“A ideia é que os times de tecnologia, dados e de produtos estejam majoritariamente baseados no Brasil”, explica Salama. “Mas vamos investir em equipes comerciais locais nos países que nós entrarmos”.

A princípio, em um horizonte de 12 meses, esse mapa de expansão estará restrito a México e Colômbia. Com as três operações, a Inventa projeta encerrar 2022 com cerca de 100 mil lojistas e aproximadamente 4 mil fornecedores cadastrados em sua plataforma.

No roteiro para concretizar esses números, especialmente no Brasil, a startup vai enfrentar a concorrência de players estrangeiros que estão reforçando sua atuação no País. Em particular, serviços como o chinês Alibaba e a Shopee, de Cingapura, que também atendem lojistas de pequeno porte.

Já fora do mercado brasileiro, outras empresas também investem nesse modelo. Entre elas, a americana Faire, que levantou US$ 1,1 bilhão com fundos como Sequoia Capital e Founders Fund, e a francesa Ankorstore, que já captou € 365 milhões e está avaliada em US$ 2 bilhões.