Na última sexta-feira, 26 de fevereiro, André Brandão, presidente do Banco do Brasil, teria colocado seu cargo à disposição, diante das críticas constantes do presidente Jair Bolsonaro à sua gestão no banco estatal, iniciada em setembro do ano passado.

Apesar de o banco não confirmar a informação, o fato é que uma lista de nomes com substitutos já circula no Planalto. Em contrapartida, no Banco do Brasil, a sinalização é de uma possível debandada no Conselho de Administração, caso a troca no comando seja confirmada.

Em reunião realizada na terça-feira, 2 de março, os conselheiros independentes Hélio Lima Magalhães, José Guimarães Monforte, Luiz Serafim Spinola Santos e Paulo Roberto Evangelista de Lima, que representam metade do board, marcaram posição e defenderam fortemente a gestão de Brandão.

Segundo uma ata da reunião dos conselheiros a qual o NeoFeed teve acesso, Brandão foi avaliado como um executivo de reconhecida experiência, com mais de 20 anos como administrador de grandes instituições financeiras, elevada competência técnica e “inquestionável reputação ilibada”.

“Em apenas 5 meses de mandato, evidenciou sua capacidade de liderar a organização para além dos desafios que se impõem à competitiva indústria financeira, no melhor interesse da companhia e de seus stakeholders, tendo demonstrado alta performance na implementação da estratégia corporativa aprovada por este Conselho para o quinquênio 2021/2025”, destacaram os conselheiros, no documento.

Em um complemento a essa manifestação, eles reiteraram a defesa pela continuidade da “gestão de excelência” que vem sendo realizada por Brandão. E lamentaram qualquer possibilidade de que as “referidas especulações” sobre a sua saída do posto se concretizem.

Brandão entrou na mira de Bolsonaro em janeiro, quando anunciou um plano de demissão voluntária para 5 mil funcionários e o fechamento de 361 agências do banco, estratégia que envolvia, inclusive, o encerramento das operações em algumas cidades.

O caso do Banco do Brasil e seus possíveis desdobramentos remetem ao imbróglio recente envolvendo a interferência do presidente na Petrobras. Há duas semanas, Bolsonaro demitiu Roberto Castello Branco, que comandava a estatal desde janeiro de 2019, sob duras críticas públicas.

Na esteira dessa decisão, a Petrobras chegou a perder R$ 102,4 bilhões em valor de mercado, entre os dias 18 e 22 de fevereiro. No período, as ações da companhia acumularam uma desvalorização de quase 26%.

O caso da Petrobras também tem outros paralelos com o Banco do Brasil. Nesta semana, quatro conselheiros reforçaram sua confiança na gestão de Castello Branco e manifestaram que vão deixar o board da petrolífera por não concordarem com a indicação de um novo presidente para a companhia.