Um apetite grande pelas privatizações. Mas com uma estratégia mais cautelosa no que diz respeito às joias da coroa. Ou mais especificamente, da União. Esses são os nortes que estão guiando a política do governo federal para reduzir o tamanho do Estado brasileiro.

“Vamos vender tudo o que é possível. Mas estamos tomando a sopa pelas bordas”, afirmou Salim Mattar, fundador da Localiza e secretário de Privatizações do governo de Jair Bolsonaro, durante a abertura do CEO Conference Brasil 2020, evento que está sendo realizado pelo BTG Pactual nesta semana em São Paulo.

Nesse contexto, ele cravou quais ativos não serão privatizados nesse governo. “Caixa Econômica, Banco do Brasil e Petrobras não estão nos nossos planos e devem ficar para um próximo governo.”

Com uma lista de 698 estatais no balcão, entre empresas controladas, subsidiárias, coligadas e investidas, Mattar tem a meta de reduzir essa conta em ao menos 300 ativos nesse ano, com um valor de desinvestimentos de R$ 150 bilhões.

Até agora, o balanço do ano aponta para a venda de 29 ativos e uma arrecadação de R$ 29 bilhões, o que inclui o montante de R$ 22 bilhões relacionado à venda de ações da Petrobras. Em 2019, essa equação incluiu 71 ativos e um saldo de R$ 105 bilhões, ante uma meta inicial de R$ 80 bilhões.

“Boa parte das privatizações tem que passar pelo Congresso”, disse Mattar, apontando que o foco, nesse plano, no ano passado era a aprovação da reforma da Previdência. “Para não queimar capital político, não investimos tanto nessa frente em 2019.”

Entre as estatais previstas no cronograma para esse ano, o secretário destacou que as privatizações da Agência Brasileira Gestora de Ativos (ABGF) e Empresa Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (Emgea) devem acontecer em julho e setembro, respectivamente. Por outro lado, ele apontou a resistência nos processos relacionados a Casa da Moeda e do Dataprev, que vem se traduzindo em greves dos funcionários dessas operações.

Segundo Mattar, a Casa da Moeda e os Correios são duas empresas que estão atraindo, preferencialmente, mais interesse dos investidores estrangeiros do que locais. Ao mesmo tempo, disse ele, Serpro e Dataprev estão atraindo esses dois públicos.

Mattar aproveitou ainda sua participação para fazer um apelo ao público presente, formado por investidores e CEOs das principais empresas brasileiras ou com atuação no País. “Me sinto um pouco só em Brasília e gostaria que alguns de vocês se juntassem a nós”, afirmou. “Tenho certeza que se meia dúzia de pessoas do mercado viessem participar, faríamos uma diferença brutal.”

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