Enquanto empresas de tecnologia como o Facebook e a Microsoft miram o metaverso, outra gigante do mercado está de olho no mundo físico de tijolo e concreto. Nesta quinta-feira, 20 de janeiro, a gigante do varejo americano Amazon anunciou que irá expandir sua atuação com a abertura de uma loja de roupas.
Chamada de Amazon Style, a loja vai disponibilizar a venda de itens de vestuário masculino e feminino, além de sapatos e outros acessórios de moda. Os preços são para todos os bolsos, com peças que podem custar US$ 10 de uma marca mais simples ou US$ 400 de grifes conceituadas.
A previsão é de que a inauguração do espaço ocorra ainda neste ano e ficará localizado no subúrbio de Glendale, em Los Angeles. A loja deverá ter algo em torno de 2.800 metros quadrados, tamanho semelhante ao de uma loja de departamento convencional.
Por ora, a companhia fundada por Jeff Bezos ainda não divulgou as grifes com as quais vai trabalhar, mas informou que são “centenas de marcas” e que foram escolhidas por profissionais de moda e com base no “feedback fornecido por clientes da Amazon.com”.
O diferencial em relação a outras lojas de departamento deve ser a tecnologia embarcada no empreendimento. O celular será quase indispensável para que o consumidor possa usufruir da experiência do local.
Por exemplo: as roupas contarão com etiquetas com QR code para que o consumidor possa verificar diferentes tamanhos e cores de uma mesma peça e depois solicitar que esta seja entregue no provador ou no caixa.
Caso já esteja no provador e quiser experimentar uma peça de roupa diferente, também será possível solicitar a entrega do item. Desta vez, porém, com o auxílio de uma tela sensível ao toque que estará instalada em cada cabine.
Uma única loja de roupas não deve significar um aumento significativo nas receitas da Amazon, mas pode representar um experimento para que a companhia teste sua força no mercado de roupas fora do ambiente digital.
A empresa de serviços financeiros Wells Fargo estima que a Amazon tenha ultrapassado Walmart e se tornado líder americana na venda de itens de vestuário pela internet com um crescimento de 15% nas vendas no ano retrasado, para mais de US$ 41 bilhões. A Amazon não abre esses números.
Mais do que isso, essa é a mais nova incursão da companhia que vale US$ 1,6 trilhão, e que se tornou um império no mundo digital no mundo físico. A exploração do varejo físico em 2015, com a inauguração de uma livraria.
Dois anos depois, com a compra da Whole Foods por US$ 13,7 bilhões, a Amazon expandiu seu negócio também para as mercearias com o Amazon Fresh. Os passos mais recentes envolveram lojas de conveniência sem caixa, iniciativa batizada de Amazon Go.
Resta saber como esta nova aventura da Amazon no mundo físico vai se desenhar. As lojas da Amazon Go, que talvez sejam a principal empreitada da empresa off-line ainda engatinham. São apenas 39 estabelecimentos nos Estados Unidos – bem menos do que a meta de 3 mil lojas estabelecida ainda em meados de 2018 para 2021, conforme reportado pela Bloomberg.
Financeiramente, porém, as coisas parecem ir bem. Mesmo com a pandemia, as lojas físicas da Amazon continuaram crescendo em 2021. No último balanço financeiro trimestral divulgado pela companhia, que corresponde ao período encerrado no fim de setembro do ano passado, a varejista registrou receita de US$ 4,2 bilhões com sua operação de lojas físicas – alta de 13% ante o mesmo período de 2020. A maior parte da receita veio das mais de 500 unidades da rede de supermercados Whole Foods.
Ainda assim é uma fatia pequena perto da receita total de US$ 110,8 bilhões da companhia no período e do montante de US$ 49,9 bilhões que corresponderam às vendas online da empresa. Também é inferior a receita de US$ 16,1 bilhões que a Amazon registrou com a divisão AWS, de computação em nuvem, que cresceu 39%.