Fundado em 2020, por Antonio Moreira Salles e Julio Benetti, a Mandi Ventures nasceu com a tese de investir em startups de agro e de alimentação em diversas regiões do mundo, uma área que apesar do potencial bilionário sempre passou a margem do mundo de venture capital.

Agora, a Mandi Ventures está ampliando sua tese e vai começar a investir em startups de tecidos para a indústria fashion. “Se existe uma carne de laboratório, por que não fazer um couro de laboratório”, afirma Moreira Salles, ao Café com investidor, programa do NeoFeed que entrevista os principais gestores de venture capital e de private equity do Brasil.

De acordo com Moreira Salles, a gestora analisou quase 700 empresas e, pelo menos, 100 delas tinham relação com comida de laboratório ou com novas proteínas. “E essas tecnologias estão começando a ser discutidas na indústria fashion”, diz Moreira Salles.

Na visão do sócio da Mandi Ventures, as empresas de moda vão começar uma corrida em busca de materiais sustentáveis, uma preocupação não só de negócios, mas também uma demanda cada vez mais crescente dos consumidores globais.

Com um portfólio ultra concentrado, são apenas quatro investimentos, a Mandi Ventures vai seguir sua estratégia de analisar as empresas com bastante profundidade antes de assinar um cheque nessa nova área que passa a investir.

“Temos um checklist e temos de passar por ele com muito foco. Não podemos sair dele por um segundo. E isso nos dá um certo conforto”, diz Moreira Salles. “Em momentos de bonança, como até recentemente, abrimos mão de algumas rodadas porque o empreendedor falava que tínhamos de decidir em uma semana.”

O checklist incluiu desde receber informações financeiras até conversar com clientes, fornecedores e funcionários, como foi o caso da francesa Les Miraculeux, especializada em suplementos funcionais, startup na qual a Mandi Ventures liderou uma rodada séria A, no ano passado.

O portfólio inclui ainda a americana Farmers Business Network (FBN), avaliada em US$ 4 bilhões, na qual a Mandi Ventures entrou quando a startup estava em um estágio avançado. No Brasil, os ativos em que investe são a Gaivota, que trabalha na parte de digitalização relacionada a cadeia do agronegócio, e na Tarken, um marketplace de grãos.

O foco, a partir de agora, é entrar em startups em estágio inicial, com cheques médios que variem de US$ 1 milhão a US$ 2 milhões. “Mas nada impede de fazer cheques menores, de US$ 500 mil, ou até mesmo maiores”, afirma Moreira Salles.

Com até 75% do fundo ainda sem investir – o primeiro fundo captado family offices e high net worth individuals foi de US$ 30 milhões –, a Mandi Ventures está em uma boa posição para aproveitar as oportunidades neste momento do mercado.

Nesta entrevista, que você assiste no vídeo acima, Moreira Salles fala sobre o momento do mercado de venture capital e conta em detalhes a estratégia da Mandi Ventures. Assista a mais um episódio do Café com Investidor.