Neste ano, o longa “Nomadland” levou a estatueta de melhor filme no Oscar. Não seria exagero, porém, eleger outro grande vencedor no script da cerimônia. Com 36 indicações e 7 prêmios, a Netflix coroou sua transição de pioneira entre as plataformas de streaming ao posto de maior produtora de Hollywood.
Não faltam, porém, nomes dispostos a deixarem de ser meros coadjuvantes nesse cenário para desafiarem o status conquistado pela empresa liderada por Reed Hastings. E um dos atores que vêm mostrando esse ímpeto é daqueles que dificilmente aceita outro papel que não seja o de protagonista.
A Apple está se movimentando para ganhar, literalmente, mais espaço nessa indústria. Uma reportagem publicada pelo jornal americano The Wall Street Journal mostra que a companhia da maçã planeja alugar um grande hub de produção em Los Angeles.
De acordo com fontes próximas à empresa, a Apple estaria buscando uma estrutura de mais de 46 mil metros quadrados para abrigar estúdios do Apple TV+, seu serviço de streaming. O hub em questão reforçaria uma operação que já conta com unidades em Los Angeles e outras cidades.
A estratégia da Apple ilustra, ao mesmo tempo, a competição cada vez mais acirrada entre os serviços de streaming. E que está se replicando na procura crescente por locais para a produção de programas, séries e filmes que alimentam esses catálogos.
Com o crescimento exponencial no número de assinantes dessas plataformas, boa parte dos estúdios de Los Angeles já está reservada, em acordos que, muitas vezes, são fechados com meses de antecedência e envolvem anos de duração.
A Amazon, por exemplo, ocupa hoje uma área de mais de 56 mil metros quadrados no Culver Studios, local onde foram filmados clássicos como “E o Vento Levou” e “Cidadão Kane”. Já a Netflix, além de estúdios na região, construiu sua própria estrutura em Albuquerque, cidade do estado do Novo México.
Lançado em novembro de 2019, o Apple TV+ ainda está longe de incomodar, de fato, os principais serviços desse segmento. A Apple não revela números sobre a operação, mas, no mercado, a estimativa é de que a plataforma tenha superado, em maio, a marca de 40 milhões de assinantes.
Para efeito de comparação, a Netflix tem cerca de 208 milhões de assinantes, enquanto o Amazon Prime Video, da Amazon, alcançou uma base de 175 milhões de pessoas acessando seus conteúdos em 2020. Lançado há pouco mais de um ano, o Disney+, por sua vez, ultrapassou recentemente a casa de 100 milhões de usuários.
Os esforços da Apple para virar esse jogo não estão restritos à procura por metros quadrados. Em sua plataforma, a empresa já conquistou uma boa repercussão, ao menos entre os críticos, com títulos como as séries “The Morning Show” e “Ted Lasso”.
As duas séries figuram entre as 35 indicações recebidas pelo serviço na edição desse ano do Emmy, principal premiação da produção de televisão nos Estados Unidos. Entre outros títulos ligados à plataforma, estão concorrendo produções como Mythic Quest” e “The Year Earth Changed”.
Agora, no entanto, a empresa começa a fazer apostas mais altas para ampliar seu catálogo e, ao mesmo tempo, marcar presença também além das séries e programas. Um desses investimentos recentes envolve a produção do novo filme de Martin Scorcese, “Killers of the Flower Moon”.
A Apple adquiriu, no ano passado, os direitos da produção, que será estrelada por Leonardo DiCaprio e terá ainda no elenco Robert De Niro, depois de a Paramount Pictures e a ViacomCBS deixarem o projeto. O longa está orçado em mais de US$ 200 milhões.
Outro cheque recente da Apple para turbinar o Apple TV+ foi assinado em fevereiro desse ano. A empresa pagou US$ 25 milhões para o lançamento de CODA, filme escrito e dirigido por Siân Heder. O acordo foi fechado no Festival de Sundance e marcou a maior aquisição já realizada no evento.
Na semana passada, a empresa assinou um contrato com a Hyperobject Industries, produtora de Adam McKay, diretor conhecido por filmes como “A Grande Aposta”, para ter direito sobre filmes produzidos pela companhia.
Os rivais da Apple também não estão parados na busca por ampliarem seus catálogos. Em maio, por exemplo, a Amazon anunciou a aquisição da MGM. Com o acordo, a empresa vai reforçar sua oferta com mais de 4 mil filmes, entre eles, títulos e franquias como “James Bond” e “Rocky/Creed”.