Maior empresa do mundo em termos de valor de mercado, avaliada em impressionantes US$ 2,6 trilhões, a Apple é praticamente consenso entre analistas – de um total de 28 avaliações de casas de research, 23 têm recomendação de compra, segundo levantamento do site TipRanks.
Mesmo o Goldman Sachs, que apresentou, por anos, uma visão pessimista em relação à empresa fundada por Steve Jobs, cedeu no ano passado, elevando a recomendação para neutro, diante dos resultados apresentados pela companhia no segundo trimestre de 2021.
Entretanto, o Itaú BBA está indo na contramão do otimismo de seus pares ao sugerir a venda dos papéis da companhia da maçã, com preço-alvo de US$ 136,00. O valor indica uma perspectiva de queda de 18,8% em relação à cotação atual.
Desde que iniciaram a cobertura das big techs em 26 de julho, os analistas Thiago Kapulskis e Cristian Faria recomendam a venda das ações. Em relatório divulgado nesta quarta-feira, dia 24 de agosto, eles voltam aos motivos da decisão, depois de serem confrontados com um artigo do site TheStreet, que questiona aspectos da análise.
Um dos pontos do Itaú BBA está relacionado ao valor das ações da Apple, considerado muito elevado. “Com a ação negociando a um múltiplo P/E [preço das ações em relação ao lucro] de cerca de 24 vezes para 2023, não tão distante ao da Microsoft, que está apresentando crescimento significativamente maior, nós reiteramos nossa recomendação de venda para a ação”, diz trecho do relatório.
Os analistas também refutam o argumento de que a companhia está ganhando participação de mercado pelo mundo. Para eles, a empresa viu, na verdade, sua fatia cair nos últimos dois trimestres, perdendo espaço para companhias chinesas.
Também na frente de produtos, os analistas destacam que a empresa não conseguiu gerar um volume de receita significativo com a venda de novos produtos. Eles afirmam que Apple Watch, Air Pods e Apple TV contribuem com apenas 7% da receita total. O iPhone representa 52% do total, seguido por Serviços, com 20% e os computadores Mac, com 10%.
A dupla questiona ainda se os consumidores poderão absorver aumentos no custo médio de vendas do iPhone, diante da previsão de que os novos modelos, o iPhone 14 Pro e o Pro Max, devem ser US$ 100 mais caros que os modelos iPhone 13. Mas eles próprios ressaltam que a empresa pode não ter dificuldade em repassar o aumento de preços, citando a pandemia, quando a Apple viu consumidores trocando seus antigos aparelhos por versões modernas e mais caras.
Os analistas do Itaú BBA também discutem os supostos planos da Apple de entrar na área de publicidade digital, com o desenvolvimento de uma DSP, plataforma que permite aos anunciantes usarem a automação para impulsionar campanhas de mídia na plataforma da Apple.
A medida vem após a companhia lançar uma série de iniciativas no âmbito de privacidade, impactando as receitas de outras gigantes, como Meta e Alphabet, cuja principal fonte de receita é a publicidade. A receita anual da Apple com publicidade gira em torno de US$ 4 bilhões, mas a ideia da companhia é levar esse montante para a casa dos US$ 10 bilhões, segundo a agência de notícias Bloomberg.
Para os analistas, a iniciativa em publicidade digital pode quebrar a dominância da Alphabet nesse mercado, que tem uma fatia de 50% a 60% do negócio de DSP. Além disso, pelo fato de ter seu próprio sistema operacional para smartphones, o iOS, a Apple pode conseguir uma rentabilidade melhor.
Mas eles destacam que a empresa tem um longo caminho a percorrer, prevendo que a iniciativa ainda vai demorar para ter efeitos financeiros. E citam que a iniciativa, se feita de forma equivocada, pode arranhar a imagem que a companhia construiu entre os consumidores, de garantir a proteção de dados pessoais.
Por volta das 13h57, as ações da Apple subiam 0,09%, a US$ 167,38. No ano, elas acumulam queda de 6%.