Com o objetivo de se tornar “mundialmente reconhecido como o melhor ecossistema do segmento pet até 2025”, a Petz realizou uma série de aquisições no ano passado para expandir sua oferta de produtos e serviços. 

A mais relevante foi a Zee.Dog, marca de produtos premium para cachorros adquirida em agosto do ano passado, por cerca de R$ 700 milhões. Depois vieram a Cão Cidadão, empresa especializada em adestramento do influenciador Alexandre Rossi, conhecido como Dr.Pet, e a Cansei de Ser Gato, plataforma digital de conteúdo e produtos para gatos. A mais recente compra foi a Petix, empresa de tapetes higiênicos, neste começo de ano, que está sob análise do Cade. 

Embora ainda esteja de olho no mercado para continuar completando sua oferta de produtos e serviços, a prioridade da Petz para este ano envolve a integração dessas empresas e capturar sinergias. 

“Nossa ideia não é apenas fazer uma integração, mas garantir que essas empresas possam oferecer retorno para a Petz”, diz ao NeoFeed a vice-presidente de finanças e novos negócios do Grupo Petz, Aline Penna. “Queremos integrar da maneira correta, buscando o melhor equilíbrio entre qualidade e velocidade.”

Os trabalhos nesse sentido já começaram. A principal integração foi da Zee.Dog, cujos números passaram a ser computados nos resultados trimestrais da companhia, depois de a aquisição ter sido concluída no fim do ano passado. 

Mesmo diante de um cenário desafiador para produtos considerados não essenciais pelos tutores, por conta da inflação que atinge o setor e o varejo como um todo, a Zee.Dog apresentou um crescimento de cerca de 50% da receita bruta no primeiro trimestre, para R$ 58,6 milhões. 

Com a Zee.Dog na sua base a partir desse começo de ano, a Petz fechou o trimestre com uma receita líquida total de R$ 632,3 milhões, um avanço de 39,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Desconsiderando a incorporação, a receita líquida cresceu 29%, para R$ 586,4 milhões. 

Ainda que tenha tido um impacto positivo, Penna disse que há muito o que fazer em relação à Zee.Dog, admitindo que não foram capturadas todas as sinergias possíveis. A expectativa é de que as mais relevantes comecem a ser geradas no início do segundo trimestre, sendo totalmente auferidas até a primeira metade de 2023. 

“A expectativa é de que a rentabilidade tenha uma evolução ao longo dos próximos trimestres”, diz Penna, citando alguns ajustes na operação para concretizar esses ganhos, como a substituição total dos tapetes higiênicos atualmente importados pela Zee Dog. 

Junto com a questão da integração, a Petz está trabalhando na expansão dos serviços de saúde para animais, através da abertura de novos hospitais, que fazem parte de uma estrutura verticalizada que equilibra qualidade técnica e rentabilidade. Atualmente, a Petz conta com 140 clínicas pelo Brasil, sob a bandeira Seres.

“Estamos também levando a parte de saúde para um novo patamar, contratando um vice-presidente de serviços para cuidar também dessa área. É o quinto vice-presidente da companhia e mostra a relevância que queremos dar para essa operação”, afirma Penna. 

Inflação

Enquanto trabalha para integrar as companhias recém-adquiridas e criar um ecossistema completo de produtos e serviços, a Petz está atuando para mitigar os efeitos que a inflação de custos está tendo sobre suas atividades.

Mas enquanto outras companhias precisam decidir se repassam ou não o aumento dos custos para seus consumidores, a Petz tem encarado essa situação com um pouco mais de tranquilidade, graças à importância que os bichos ganharam nas casas brasileiras.

Ainda que tenham reduzido as compras de brinquedos e acessórios, os consumidores não alteraram o tipo de ração que dão aos seus pets, o que permitiu à Petz repassar os efeitos do aumento dos preços das matérias-primas utilizadas na fabricação do produto.  

As rações representaram 58% do faturamento da companhia no primeiro trimestre, um aumento de quatro pontos percentuais de representatividade em relação ao primeiro trimestre de 2021, diante da queda do consumo de produtos considerados não essenciais.

“O consumidor não rebaixou a ração que compra para seus pets, porque é uma questão sensível, eles podem não se adaptar, podem ter problemas de saúde”, diz Penna. “Como o consumidor não pode fazer o trade down, a gente conseguiu repassar integralmente a alta dos preços no preço da ração.”

Mesmo com a possibilidade de repassar os custos, a Petz tem atuado para não pesar no bolso do consumidor e vem tentando incentivar compras de outros produtos. Uma dessas formas é o programa “Minhas Ofertas”, funcionalidade de seu aplicativo que consiste em ofertas personalizadas, que levam em consideração o perfil de compra de cada cliente. 

Segundo Penna, essa iniciativa tem ajudado a melhorar a percepção de preço do cliente através do acesso a promoções exclusivas, fazendo com que a participação de clientes com ofertas ativadas aumentasse mais de três vezes no trimestre, atingindo 30% da base total de clientes. “É um investimento em preço que gera recorrência”, disse. 

A companhia também tem buscado manter os estoques em patamares elevados, estratégia adotada desde o segundo semestre do ano passado, diante das elevadas incertezas quanto à cadeia de matéria prima global.

“Uma coisa que nos permite conduzir essa estratégia é o fato de estarmos capitalizados, depois de termos captado quase R$ 800 milhões no ano passado, nos dando direito a manter os estoques elevados taticamente para evitar rupturas e ganhar market share”, destaca Penna. 

Outro ponto que a inflação tocou foi a inauguração de novas unidades. Penna afirmou que a inflação de custos forçou uma revisão das plantas das lojas novas, com uma redução na metragem, mas sem alterar o sortimento de produtos e os serviços oferecidos. 

Apesar das circunstâncias, a Petz mantém a previsão de abrir 50 lojas em 2022. No primeiro trimestre, já foram dez inaugurações.

As ações da companhia fecharam o pregão desta quinta-feira com queda de 6,70%, a R$ 15,17. No ano, os papéis acumulam baixa de 4,10%, levando o valor de mercado a R$ 6,9 bilhões.