Nas últimas semanas, o departamento de educação da cidade de Nova York e o sistema de escolas públicas de Seattle proibiram e bloquearam o acesso de seus estudantes ao ChatGPT. A ferramenta gratuita de inteligência artificial é capaz de criar instantaneamente qualquer texto a partir de instruções do usuário – inclusive textos que poderiam ser utilizados em provas e trabalhos escolares.

A medida que afetou mais de 1 milhão de estudantes, de quase 2 mil escolas públicas de Nova York e Seattle, gerou polêmica sobre os efeitos negativos que uma tecnologia criada pela empresa que recentemente levantou US$ 10 bilhões em rodada de financiamento junto à Microsoft. É bom lembrar que antes do ChatGPT havia a Wikipedia como fonte de consulta para os estudantes.

Na quinta-feira, 19 de janeiro, o CEO da OpenAI, a startup por trás da tecnologia, resolveu se pronunciar.

Em entrevista ao site StricklyVCs, Sam Altman, executivo que está no comando da OpenAI, afirmou que a companhia está desenvolvendo novas formas para ajudar as escolas a lidar com o plágio. Ainda assim, não há garantia de que isso será totalmente efetivo para detectar um texto que foi criado por inteligência artificial.

"Vamos tentar fazer algumas coisas no curto prazo. Pode haver maneiras de aumentar a probabilidade de que os professores possam detectar que um texto foi produzido a partir de um sistema semelhante ao GPT", disse Altman. "Mas, honestamente, isso é algo que uma pessoa determinada poderá contornar.”

Uma das maneiras de fazer isso seria com a adição de marcas d’água e outras tecnologias para rotular o conteúdo gerado. Contudo, isso não impediria que um estudante copiasse o texto por conta própria e fizesse alterações pontuais para tentar evitar ser descoberto. “Acho que é impossível torná-lo perfeito”, disse Altman.

Questionado sobre os efeitos negativos da ferramenta, Altman lembrou que a tecnologia ainda é relativamente nova. "O texto generativo é algo a que todos precisamos nos adaptar", disse ele. "Nós nos adaptamos às calculadoras e mudamos o que testamos nas aulas de matemática. Esta é uma versão mais extrema disso, sem dúvidas, mas os benefícios também são.”

Altman ainda afirmou que entende a aflição de educadores em relação ao uso da tecnologia, mas que “esta é apenas uma prévia do que veremos em muitas outras áreas”, disse o executivo, que também revelou que parte dos professores também elogiou o sistema e o classificou como “um tutor pessoal inacreditável”.

Segundo Altman, ele mesmo já aprendeu coisas utilizando a plataforma. "Eu o usei para aprender coisas sozinho e achei muito mais atraente do que outras maneiras pelas quais aprendi coisas no passado", disse ele. "Prefiro que o ChatGPT me ensine sobre algo do que ler um livro."