Maior empresa de proteína animal do mundo, a JBS não tem medido esforços para ampliar seu portfólio de marcas e geografias. Em 2021, por exemplo, o grupo adicionou a essa operação segmentos como pescados e proteína cultivada, por meio de aquisições de empresas como a Huon e a BioTech Foods

Mas, ao apresentar o seu resultado referente ao segundo trimestre de 2022, outra opção nesse cardápio cada vez mais vasto de negócios, também fruto de uma aquisição, ganhou um destaque surpreendente. Trata-se da Seara, empresa brasileira comprada pela JBS em 2013, por R$ 5,8 bilhões.

Criada em 1956, a marca tem bastante força entre os consumidores brasileiros e seu potencial já é conhecido pelo mercado. Mas, entre abril e junho, conseguiu surpreender ao registrar um Ebitda ajustado de R$ 1,5 bilhão, uma alta anual de 86,2% e o maior patamar da sua história.

“O crescimento da Seara vem, principalmente, pela força da marca e isso pode ser visto pelo aumento da penetração e pela recompra”, disse Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS, em conferência com analistas na manhã desta sexta-feira, 12 de agosto. “É um trabalho que vem gerando frutos.”

Além dos investimentos em operação, qualidade e inovação na operação, o executivo e seus pares destacaram, em particular, a gestão do mix, dos canais e dos preços da Seara, com maior foco em produtos de alto valor agregado.

No segundo trimestre, o aumento de 20,8% no preço médio de venda foi o principal fator atribuído pela empresa para o salto anual de 19,5% da receita líquida da divisão, para R$ 10,7 bilhões. A margem Ebitda da unidade foi de 14,1%, um aumento de 5 pontos percentuais.

No Brasil, a receita da operação avançou 20%, para R$ 5 bilhões. Com crescimento em todas as categorias, o indicador foi impulsionado, especialmente, pelos alimentos preparados, que tiveram um aumento de 19% no preço médio de venda e de 5% no volume.

Já no mercado externo, a receita líquida ficou em US$ 1,1 bilhão, uma expansão de 27,9%, com um crescimento de 28,1% no preço médio de venda, em dólares.

A aposta no mix de maior valor agregado e no aumento de preços ajudou a compensar um ambiente mais desafiador para a operação, marcado por ingredientes como a grive aviária na América do Norte e na Europa, e a elevação nos custos de produção, em particular, da ração, mesmo com a melhora em alguns insumos.

“Estamos vendo uma ótima safrinha no Brasil, o que tem trazido o preço do milho no Brasil a níveis mais baixos, o que é um bom sinal para o futuro”, disse Wesley Batista Filho, presidente das operações da JBS na América Latina e Oceania.

Olhando para frente, entre outros pontos, os executivos apontaram boas perspectivas para a marca no mercado de produtos halal, com a estruturação recente de uma rede de distribuição própria em países como Emirados Árabes, Arábia Saudita e Kuwait e com duas unidades produtivas na região.

“Nós conseguimos montar um time que nos dá confiança de que podemos avançar nesse mercado e repetir o que fizemos aqui no Brasil com a Seara também no Oriente Médio”, disse Tomazoni.

Em relatório, o Itaú BBA ressaltou que, de fato, a Seara foi o maior destaque e a maior surpresa no balanço da JBS. O banco tem classificação de outperform (acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 54 para a ação.

Resultado

A JBS reportou uma queda de 9,8% na última linha do balanço no segundo trimestre, em comparação ao mesmo período de 2021. O indicador ficou em R$ 3,9 bilhões. O Ebitda ajustado, por sua vez, recuou 11,5%, para R$ 10,3 bilhões.

Entre abril e junho, a empresa apurou uma receita líquida global de R$ 92,1 bilhões, o que representou um avanço de 7,7%. No Brasil, o crescimento no indicador foi de 10,8%, para R$ 14,1 bilhões. Um dos pontos negativos foi a JBS Beef North America, que registrou queda de 4,6%, para R$ 27,2 bilhões.

A empresa encerrou o período com R$ 19,3 bilhões em caixa, alta de 11,9% sobre o primeiro trimestre de 2022. A dívida líquida da operação cresceu 44,1% na comparação anual, para R$ 78 bilhões, enquanto o índice de alavancagem ficou em 1,64 vezes.

Por volta das 12h10, as ações da JBS estavam sendo negociadas a R$ 30,73, queda de 1,63%. No ano, os papéis acumulam uma desvalorização de 19%. A companhia está avaliada em R$ 68,1 bilhões.