Nos últimos tempos, a sigla ESG (Environmental, social and corporate governance) entrou na moda. Todas as empresas querem ser reconhecidas com esse selo que mostra companhias que, de fato, têm responsabilidade social e ambiental, além de governança corporativa.

Mas poucas companhias conseguem ir além do marketing nesse quesito. Tanto que essa prática de parecer o que não é ganhou até um termo em inglês: “green washing”, em uma referência as empresas que alardeiam ser sustentáveis sem nenhum critério e rigor.

Por outro lado, há empresas que levam a sério o conceito de ESG há muito tempo. E são reconhecidas por essa prática. Um desses exemplos é a companhia de medicina diagnóstica Fleury.

Na segunda-feira, 16 de novembro, o Fleury divulgou fato relevante informando que passou a fazer parte do Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI, da sigla em inglês), da Bolsa de Nova York, para os mercados emergentes.

O DJSI avalia as companhias que se destacam nas metas de ESG em 61 setores econômicos com base em diferentes critérios. O principal deles é uma avaliação dos dados de sustentabilidade das companhias que são respondidos em um questionário chamado de Corporate Sustainability Assessment (CSA).

No Brasil, poucas empresas conseguem fazer parte desse índice. Entre elas, estão o Bradesco, Banco do Brasil, Itaú, a itausa, Embraer, natura, Klabin e Suzano. Juntas, essas companhias possuem valor de mercado de R$ 838,1 bilhões.

“Embora o Fleury não seja uma indústria, a nossa preocupação sempre esteve em prestar o nosso serviço com o menor impacto possível no meio ambiente”, disse ao NeoFeed, Carlos Marinelli, presidente do grupo Fleury, dono de marcas como Fleury, a+, Weinmann, Lafe, entre outras.

Um exemplo é o foco em programas para a diminuição de resíduos, que resultou em uma economia total de 39% na geração de substâncias entre 2016 e 2019. Esse resultado é dividido entre queda de 24% no uso de papel e 12,5% na água, além de uma economia de 4,3% no consumo de energia. Outro ponto é que as emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE) do Fleury foram reduzidas em 40% no ano passado

O Fleury se preocupa também com a representatividade de mulheres. Hoje, dos mais de 10 mil funcionários, 80% são mulheres, sendo que 62% delas estão em cargos de liderança. Mas a companhia diz que segue empenhada na inclusão dos empregados em aspectos como diversidade, de gênero, raça e faixa etária. “Queremos deixar essa questão da diversidade cada vez mais próxima da companhia”, afirma Marinelli.

Segundo o presidente do Fleury, 40% dos conselheiros são independentes. "Eles não podem ficar ininterruptamente e passam por avaliação periódica", diz. Uma auditoria de compliance é responsável por essa apreciação e responde diretamente ao conselho de administração.

Fábio Alperowitch, cofundador da Fama Investimentos, profissional do mercado que há mais de 30 anos advoga a causa do ESG, diz que as companhias só passam a integrar o índice sustentabilidade da Bolsa de Nova York após anos e anos mantendo coerência nas questões ambientais e de responsabilidade social.

"O mais importante, do ponto de vista de recado, é que essas empresas não começaram em 2019 ou 2020 a tomar medidas", afirma Alperowitch. "Isso é reflexo de ações que elas adotaram há três, quatro, cinco anos ou mais.”

No caso das companhias de saúde, os principais desafios para seguir as regras de ESG  são a manipulação de produtos radioativos, o descarte de seringas e de outros materiais químicos que servem para fazer os exames, assim como o consumo de água.

“São vários desafios muito complexos na operação do Fleury, que merece muito estar nesse índice porque tem as três vertentes do ESG extremamente avançadas”, diz Alperowitch.

Entre julho e setembro, o Fleury registrou receita líquida de R$ 943,8 milhões, aumento de 15% sobre o ano passado, com crescimento de 45% no lucro líquido, para R$ 132,1 milhões. Neste ano, as ações do Fleury caem 12,8% na B3. A companhia está avaliada em R$ 8,8 bilhões.

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