Vittorio Danesi, fundador e CEO da Simpress, passou a investir em startups há cerca de três anos. Ao lado de outros executivos e empresários, entrou para o grupo BR Angels para colocar dinheiro em empresas de crescimento exponencial. Mas Danesi, quem diria, tem visto esse crescimento de “ritmo startupeiro” em seu próprio quintal.
Com 20 anos de vida, a Simpress, empresa de aluguel e outsourcing de equipamentos de tecnologia controlada pela HP, acaba de revelar ao NeoFeed que atingiu, pela primeira vez, R$ 1 bilhão em faturamento, 35% a mais do que em 2020. E 25% dessa receita, o equivalente a R$ 250 milhões, vieram de uma área lançada em 2019, que praticamente representava traço na sua operação no começo de 2020.
Trata-se do segmento de outsourcing e locação de equipamentos como notebooks, tablets, smartphones e impressoras térmicas para o segmento corporativo. “A gente trabalhava apenas com impressão. Na metade de 2019, começamos a perceber que havia espaço nessa nova área”, diz Danesi. Com a chegada da pandemia, o cenário mudou. “Estávamos no lugar certo na hora certa”, afirma.
Lugar certo na hora certa porque, devido a Covid-19, as empresas precisaram mover suas estruturas fixas para home office. E tiveram de fazer isso rapidamente. Quem tinha computadores para alugar e serviços para prestar nessa área acabou surfando na alta demanda. No caso das impressoras térmicas, usadas para as etiquetas de embalagens do e-commerce, então, nem se fala.
“Se a indústria tivesse mais equipamentos, teríamos entregado mais”, diz Danesi sobre o problema da cadeia de suprimentos no mundo inteiro. Em 2022, a meta é fazer com que essa vertical represente entre 35% e 40% do faturamento da companhia. “Temos crescido exponencialmente as novas ofertas e crescido organicamente com as impressões.”
Nesse ritmo, o executivo afirma que a meta é dobrar o faturamento para R$ 2 bilhões até 2024. Para chegar nesse número, será preciso aumentar a quantidade de equipamentos sob gestão – e ele tem crescido. No fim de 2019, eram 200 mil unidades. Em 2021, terminou o ano com 400 mil. Desse total, metade formada por PCs, tablets e smartphones.
Para 2022, a expectativa é alcançar 550 mil equipamentos. Danesi explica que o salto só foi possível porque a companhia já tinha as bases sólidas. “Temos uma plataforma construída ao longo dos últimos anos”, diz ele. Com 1,8 mil funcionários, dos quais 1,3 mil trabalham em campo, a empresa já tinha uma rede de atendimento em todo o Brasil. “Fazemos 4 mil entregas por dia.”
Empresas como Ambev, Mercado Livre, GPA, Whirlpool e outras 1,5 mil companhias médias e grandes são clientes da Simpress. “Ninguém mais quer comprar equipamento. O pessoal quer focar na atividade fim”, diz Danesi. Principalmente, diz o executivo, para empresas que têm centenas ou milhares de aparelhos, seja notebook, tablet ou smartphone, distribuídos pelo Brasil.
“Tiramos um peso tremendo do departamento de TI”, diz ele. “Se o aparelho de um vendedor da Ambev, em Santarém, no Pará, quebra, a gente garante o conserto ou a troca. A Ambev não tem que perder energia com isso.” O diretor de pesquisas da IT Data, Ivair Rodrigues, diz ao NeoFeed que esse é um movimento natural no mercado corporativo.
“As empresas já sofrem com a falta de profissionais de tecnologia no mercado. Elas não vão ficar mandando um analista de tecnologia na casa de cada funcionário para configurar a rede, a segurança, levar aparelhos”, diz Rodrigues. “É mais fácil terceirizar esse serviço.” Fora isso, não desembolsam uma quantia enorme do capex na compra de aparelhos que ficam obsoletos em até cinco anos.
“Vamos transformar o mercado de equipamentos de PCs e mobilidade de capex em opex. Encontramos uma via de crescimento muito grande e vamos apostar nisso. O tamanho do mercado endereçável que temos na mão é absurdo”, diz Danesi. A entrada nesse mercado não aconteceu apenas por conta de crescimento. Há, por trás disso, um instinto de sobrevivência.
Com as preocupações envolvendo as questões de ESG, a tendência, no longo prazo, é que as empresas façam menos uso das impressões – o core da Simpress. E, claro, há um mercado enorme a ser explorado. Mas bem ocupado por players como Microcity, a operadora Vivo e a fabricante Positivo.
Em 2019, de acordo com dados da IDC, foram vendidos 5,82 milhões de unidades, entre desktops e notebooks. Em 2020, o número saltou para 6,38 milhões. No ano passado, até o terceiro trimestre, foram 8,48 milhões. “O mercado de PC as a service já representa 10% do total da indústria no Brasil”, diz Reinaldo Sakis, gerente de pesquisa do IDC. “Muitas empresas que, com a pandemia, fizeram contratos curtos, acabaram estendendo para contratos de três anos ou mais”, diz ele.