A trilha sonora de Wall Street, hoje, é embalada pela Warner Music. O conglomerado que controla os selos Asylum, Atlantic Records, Parlophone, entre outros, deu entrada para negociar suas ações na Nasdaq, sob a sigla WMG.
Na documentação encaminhada pela empresa, a proposta é vender uma fatia de 14% da companhia ou 70 milhões de ações - cada uma por um preço que pode variar entre US$ 23 e US$ 26. Com isso, pode levantar US$ 1,82 bilhão, caso consiga sustentar o maior valor, e atingir um valor de mercado de US$ 13,3 bilhões.
De acordo com a declaração encaminhada pela Warner Music, a receita do grupo no último ano fiscal foi de US$ 4,48 bilhões. O lucro no mesmo período foi de US$ 259 milhões.
A Warner Music atua em dois segmentos: gravações e publishing. A primeira abrange o marketing, a venda e o licenciamento de faixas, em formato físico e digital, pelos artistas da casa – e aqui falamos de nomes como Bruno Mars, Ed Sheeran, Katy Perry, Lizzo e muitos outros.
É essa a atuação mais rentável do grupo: a gravação de músicas representa 86% de todo montante movimentado pela companhia – US$ 3,84 bilhões. Já na parte de publishing entram todas as questões relativas a direitos autorais, desde a compra até a exploração.
Ambas as atividades se complementam em tempos de streaming. Nos Estados Unidos, essa forma de distribuição digital cresceu 25% no ano passado, segundo relatório da Recording Industry Association of America (RIAA). E a indústria de streaming que, nos últimos anos, devolveu a rentabilidade às gravadoras, despejando bilhões de dólares em seus caixas.
De acordo com a mesma associação, os serviços de streaming pagos ganham cerca de um milhão de novos assinantes todos os meses. No país, já são contabilizados 60 milhões de assinantes – e 79% de toda a receita da indústria fonográfica já é proveniente do streaming.
O líder desse segmento continua sendo o Spotify, que com quase 305 milhões de usuários no mundo tem 36% do mercado. Na sequência vem a Apple Music, com 54,7 milhões de assinantes (18% do mercado) e, em seguida, a Amazon, com 38,3 milhões de usuários – ou 13% do mercado.
Durante a crise do novo coronavírus e das medidas de distanciamento social, o setor tem sido impactado. Com academias, bares e restaurantes fechados, e com a paralisação das atividades comerciais não-essenciais que "brecam" o deslocamento das pessoas, o acesso a todas as plataformas de streaming musical caíram. Dados da agência de pesquisa Econsultancy mostram que a reprodução da lista Top 200 do Spotify, por exemplo, recuou 11% nesta pandemia.
Apesar da queda, a indústria se mantém otimista diante da retomada das atividades econômicas, com a esperança de que os serviços voltem a ser acessados. E é por isso que a Warner Music deu entrada no processo de abertura de capital somente agora, quando alguns estados e cidades americanos já se preparam para o relaxamento das regras de distanciamento social.
Outro fator que embala o otimismo do conglomerado é a avaliação da concorrente Universal Music. No ano passado, a gigante teve seu valor cravado em US$ 32,9 bilhões, quando o conglomerado francês Vivendi vendeu 10% da companhia para o grupo chinês Tencent.
Essa é a segunda vez que a Warner Music abre seu capital. A primeira foi em 2005. O grupo se tornou uma empresa privada em 2011, quando o bilionário ucraniano radicado em Londres Len Blavatnik, da Acess Industries, dono de uma fortuna de US$ 19,3 bilhões, pagou US$ 3,3 bilhões pela companhia.
Agora, Blavatnik e outros acionistas estão colocando seus papéis de volta ao jogo – o que significa que todas as ações negociadas são secundárias, e não entram para o caixa da Warner Music.
O IPO está sendo coordenado por um sindicato formado por Morgan Stanley, Credit Suisse e Goldman Sachs.
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