ROMA - Na entrada do imponente Palazzo Pamphili, a sede da embaixada brasileira na Itália, localizado na Piazza Navona, em Roma, músicos tocavam violino, recepcionando os convidados que subiam as escadas da construção barroca datada de 1644.

Ali estavam empresários, políticos, autoridades e investidores brasileiros e italianos no jantar de abertura para uma série de encontros do Grupo Esfera, um think tank, fundado por João Camargo e comandado por sua filha Camila Camargo.

Em Roma, no luxuoso hotel St.Regis, Camargo aproveitou as comemorações dos 150 anos da imigração italiana para organizar seminários e debater desde a atração de investimentos ao Brasil, passando por inovação, segurança energética, o combate ao crime organizado, entre outros assuntos.

Além dos debates, o Esfera anunciou a criação de duas novas empresas. Uma delas chamada Instituto Esfera para Estudos e Inovação, que vai preparar pesquisas e análise de dados de vários setores do Brasil.

O outro braço criado foi batizado de Parlamento e vai discutir os projetos que estão no Congresso desde a fase inicial. “É uma entidade que vai representar a sociedade civil nas discussões com os deputados e senadores”, disse João Camargo. Vai também criar um ranking para premiar os deputados e senadores que mais se destacam.

O NeoFeed esteve nos encontros a convite do Esfera e separou um pouco do que foi debatido – ou parlado – em Roma. Acompanhe:

Até você, senador?
O senador Ciro Nogueira (PI-PP), ex-Ministro-Chefe da Casa Civil no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, disse que está cansado – quem diria – da polarização que domina o Brasil há algumas eleições. Mas é claro que, antes de dar essa declaração, avisou que o centro saiu vencedor nas eleições municipais. “As urnas deram o recado para que o País seja unificado”, disse.

Copo meio cheio e copo meio vazio
Nogueira participava de um painel sobre os desafios que o Brasil tem para atrair investimentos. Daniel Vorcaro, do Banco Master, também presente no painel, vê o copo meio cheio, com o país crescendo 3%. Eugênio Mattar, da Localiza, por sua vez, não dourou a pílula. “O Brasil não usa a palavra produtividade há muito tempo”, disse o empresário. Foi prontamente aplaudido.

Crime e aquecimento global
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, percebeu agora que que o crime organizado se tornou mais organizado do que Estados. “O crescimento do crime organizado se compara a problemas como o aquecimento global”, disse ele. E voltou a pedir a criação de um órgão unificado para coordenar as várias forças policiais. Precisa, é claro, combinar com o Congresso.

IA e energia nuclear
O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, usou a desculpa da inteligência artificial e dos data centers para dizer que a usina de Angra 3 precisa ser concluída. As novas tecnologias, disse ele, demandarão muita energia.

Os recados de Silveira
Silveira ainda deu alguns recados aos empresários e investidores. O primeiro foi o de que o Brasil não vai abrir mão das riquezas na margem equatorial, onde há muito petróleo. O segundo foi mais uma cutucada na Vale, dizendo que, no passado, todas as outorgas de mineração iam para apenas uma empresa.

Fala que eu te escuto
O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, calibrou bem o discurso para o público que estava no salão do hotel St.Regis, em Roma. Primeiro, ele criticou o alto nível de judicialização trabalhista, tributária e na saúde pública e privada. Depois, falou que os brasileiros precisam mudar a visão que têm dos empreendedores que geram riqueza. Quando uma empresa lucra muito, disse ele, a manchete do jornal é crítica. “Empresa gera empregos.”

Mudança de liga
Carlos Sanchez, presidente do grupo NC, dono da farmacêutica EMS, deu mostras que está jogando em outra liga. Ele afirmou que, enquanto muitas empresas brasileiras estão entrando agora no mercado de peptídicos (famosos pelos remédios Ozempic e Mounjaro), seu grupo já vinha investindo no desenvolvimento nos EUA. Esses medicamentos deverão movimentar R$ 2 bilhões no mercado brasileiro. Nos Estados Unidos, a sua companhia recebeu uma encomenda neste valor. Detalhe: só para um ano.

Vai toureiro!
Wesley Batista, membro do conselho da JBS e do grupo J&F, disse que o “Brasil precisa urgente focar na desburocratização de seu ambiente de negócios”. E usou uma metáfora do mercado para que a torcida seja mais direcionada para o setor produtivo. “Tem que parar de torcer para o touro e torcer mais para o toureiro”, afirmou.

Paga mais e não reclama
Mas muito “toureiro” precisa ceder. Pelo menos na visão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Indagado sobre as emendas da reforma tributária, ele disse que alguns setores acabarão pagando mais e que, pelo bem maior do Brasil, pelo coletivismo, terão de aceitar.

Guerra aos juros continua
Enquanto isso, Rubens Menin, presidente do Conselho da MRV, do Banco Inter e da CNN Brasil, pregava o seu mantra contra os juros altos no País. “O Brasil não aguenta mais um ano com os juros do jeito que estão”, disse ele. Nas conversas privadas, empresários têm demonstrado ânimo com a chegada do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Agora vai! Ops... Agora a taxa cai?