As cenas de vandalismo de bolsonaristas radicais em Brasília, que na tarde de domingo, 8 de janeiro, invadiram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, foram rapidamente condenadas por governos e estadistas do mundo todo.

Organizações internacionais, como a ONU e a OEA, também se manifestaram. Em mensagens no Twitter ou em comunicados oficiais divulgados pelos canais diplomáticos – incluindo em telefonemas para o chanceler brasileiro, Mauro Vieira -, o teor foi o mesmo: condenação aos ataques à democracia brasileira e apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Muitos dos comunicados qualificaram os atos de vandalismo como tentativa de golpe de Estado. E o governo dos Estados Unidos foi um dos primeiros a denunciar a violência em Brasília, semelhante à invasão do Capitólio, em Washington, há dois anos – quando seguidores do candidato derrotado à reeleição, Donald Trump, ocuparam o prédio do Congresso, para impedir a confirmação da vitória do presidente eleito Joe Biden.

O presidente americano qualificou de “ultrajante” os ataques contra a presidência, Congresso e Corte Suprema do Brasil. Horas antes, o secretário de Estado, Antony Blinken, prestou solidariedade ao presidente brasileiro. "Usar violência contra instituições democráticas é sempre inaceitável", disse. "Nos aliamos ao presidente Lula para pedir um fim imediato a essas ações."

Os jornais americanos deram destaque aos ataques em Brasília em suas edições online. O The New York Times noticiou a invasão dos prédios públicos na Praça dos Três Poderes “por seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro”, com vídeos e fotos.

O The Wall Street Journal destacou em manchete que “Apoiadores de Bolsonaro invadem o Congresso do Brasil”, citando o pedido dos manifestantes por uma intervenção militar para derrubar Lula.

O relator especial da ONU para os direitos à liberdade de reunião pacífica e de associação, Clément Voule, também se manifestou: “Condenamos tais práticas e qualquer tentativa de minar o voto democrático no Brasil.”

Vizinhos apoiam Lula

Na América Latina, que há um mês, em 9 de dezembro, vivenciou uma frustrada tentativa de golpe de Estado do então presidente do Peru, Pedro Castillo – que acabou sofrendo impeachment e preso em menos de 24 horas –, a reação também foi enfática.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, sugeriu a convocação da Organização dos Estados Americanos (OEA). “É hora urgente de reunião da OEA se ela quer seguir viva como instituição e aplicar a carta democrática”, escreveu Petro, no Twitter. “O fascismo decidiu dar um golpe, as direitas não conseguiram manter o pacto de não violência.”

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, também denunciou os ataques às instituições em Brasília como de "natureza fascista”. O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse que os extremistas merecem o “rechaço absoluto” da comunidade internacional e punição.

Ele expressou repúdio aos ataques em Brasília e incondicional apoio a Lula diante “da tentativa de golpe de Estado que enfrenta”. Presidente de turno de duas instituições regionais – o Mercosul e a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) –, Fernandéz alertou todos os países-membros para que se unam contra a “inaceitável reação antidemocrática que tenta se impor no Brasil”.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, também se manifestou. “O governo brasileiro tem todo o nosso apoio diante desse ataque covarde e vil à democracia.”, disse. Na mesma linha, demonstraram repúdio aos ataques de domingo o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, do México, Andres Manuel López Obrador, e as chancelarias do Peru, Uruguai e Bolívia.

Até o presidente do Equador, Guilhermo Lasso, um direitista aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, se manifestou. “Condeno as ações de desrespeito e vandalismo perpetradas contra as instituições democráticas de Brasília, pois atentam contra a ordem democrática e a segurança cidadã. Expresso o meu apoio e o do meu governo ao regime de Lula, legalmente constituído”, postou no Twitter.

Europa se manifesta

Josep Borrell, chefe de Política Externa da União Europeia, se disse “consternado” com os atos de violência em Brasília por extremistas violentos. “Total apoio a Lula e seu governo, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal. A democracia brasileira prevalecerá sobre a violência e o extremismo”, afirmou Borrell.

O presidente do governo espanhol, Pedro Sanchez, usou o Twitter para se pronunciar. “Condenamos categoricamente o assalto ao Congresso do Brasil e fazemos um apelo ao retorno imediato à normalidade democrática”, postou Sanchez.

“A vontade do povo brasileiro e das instituições democráticas deve ser respeitada! O presidente Lula pode contar com o apoio inabalável da França”, postou Emmanuel Macron, presidente da França, também no Twitter.

Colaborou Karina Pastore