Há um mês, Luis Stuhlberger participou de um painel no CEO Conference Brasil 2024, promovido pelo BTG, e falou que a parte mais difícil para um soft landing da economia global tinha passado. Embora tudo pareça conspirar a favor da bolsa brasileira, o CEO e CIO da Verde Asset Management tem dificuldade em explicar por que o Ibovespa tem ficado abaixo de outros índices acionários pelo mundo

Apesar da economia brasileira estar numa direção melhor e as ações estarem com valuation historicamente baixo, o gestor da Verde destacou que o principal índice da B3 vem contrariando as expectativas de mercado e acumula queda de 5,4% no ano, com um forte fluxo de saída de investidores estrangeiros - houve a retirada de mais de R$ 20 bilhões do mercado local.

“Está difícil explicar o behavior do mercado de capitais brasileiro, que está tão ruim neste ano”, disse Stuhlberger na quarta-feira, 20 de março, durante evento promovido pela Hedge Investments, em São Paulo. “Tem todos os sinais de que [a Bolsa] é uma oportunidade de compra.”

Apesar da situação fiscal brasileira ainda ser uma questão negativa, diante do forte aumento de gastos e redução da arrecadação vista nos últimos três anos, Stuhlberger disse que a situação do País é razoavelmente positiva para 2024 em outros pontos.

Um deles é a perspectiva de que o PIB vai novamente surpreender para cima em 2024, depois do forte avanço visto em 2023, projetando uma expansão de “no mínimo” 2,5%. E graças às reformas feitas nos últimos anos, o Brasil elevou seu PIB potencial de 1,5% para uma faixa de 2% a 2,20%.

Stuhlberger afirmou ainda que as contas externas estão em uma situação positiva, com o déficit em conta corrente na direção de ficar abaixo de 1% e o País sendo credor líquido em dólar.

“Dá para imaginar um cenário positivo, nós temos um otimismo moderado com o Brasil”, afirmou Stuhlberger, ecoando falas anteriores. Em janeiro, durante participação em evento promovido pelo UBS, ele afirmou que o Brasil se mostrava um bom lugar para fazer alocação de ativos.

Ainda que não tenha uma resposta definitiva para a discrepância do desempenho do Ibovespa comparado com outros índices acionários – o S&P 500 acumula alta de quase 8% no ano –, Stuhlberger apontou que as falas do governo na direção de intervenção em estatais e na economia tiveram alguns efeitos negativos. Principalmente para os investidores externos, vistos como os principais motivos para o fraco momento da Bolsa brasileira.

“Quando o presidente Lula fala, você pode interpretar se é sinal ou barulho. Se você olha a condução da política monetária pelo Haddad, você pode interpretar como barulho”, disse. “Quando você ouve esses tipos de coisas [do Lula], é difícil achar que isso não pega no behavior [dos estrangeiros].”

Apesar disso, ele destacou que os estrangeiros geralmente sabem comprar na baixa, e isso não está acontecendo. E disse ainda que a reação das falas de Lula no câmbio e nos juros foi mais moderada do que o visto na Bolsa.

No caso dos juros, Stuhlberger destacou que ele vem seguindo de maneira geral os movimentos internacionais. “Não tem explicação para isso [diferença da Bolsa]”, afirmou.