A semana será curta para a retomada da agenda do Congresso, o desembaraço de uma agenda relevante de indicadores que selam 2023 e a contagem regressiva para o Carnaval.
Deputados e senadores voltam ao trabalho na segunda-feira, 5 de fevereiro. Na sexta-feira, 9, a folia estará instalada no País. Entre um evento e outro, uma bateria de estatísticas oficiais formalizará o encerramento do ano e contribuirá para a construção do cenário econômico de 2024.
Na segunda, 5 de fevereiro, o Banco Central (BC) publicará o balanço das operações do setor externo que segue robusto; na terça, 6, os dados relativos ao mercado de crédito que não avança tanto quanto o governo gostaria; e, ainda na terça, apresentará a ata do Copom que cortou a Selic pela quinta vez, para 11,25%, na estreia do colegiado em 2024 – em 31 de janeiro.
Para a quarta-feira, 7, o pipeline do BC reserva o resultado primário consolidado das contas do setor público. Todas as estatísticas da autoridade monetária referem-se a dezembro e, portanto, a 2023. E estão com divulgação atrasada devido à mobilização de servidores por reajuste salarial e reestruturação de carreira.
Inclusive na quinta, 8 de fevereiro, representantes do Sindicato Nacional dos Funcionários do BC (Sinal) devem se reunir com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos para tratar da “operação padrão” que já dura quatro meses. E, se prolongada, poderá comprometer a atuação da instituição – crucial nos mercados monetário e cambial e na gestão do Pix.
O Tesouro Nacional, que cumpriu à risca o seu calendário de divulgações, na segunda-feira, 29 de janeiro, publicou as contas do Governo Central em 2023. O grupo, que reúne resultados do Tesouro, Previdência Social e BC, acusou déficit primário – sem considerar a fatura de juros da dívida pública – de R$ 230,5 bilhões no ano passado, equivalente a 2,1% do PIB.
O déficit foi sobrecarregado pelo pagamento de precatórios. Sem a regularização desse estoque de decisões judiciais devidas a contribuintes pessoas físicas e empresas – com pagamento postergado pelo governo Bolsonaro – o déficit apurado seria de R$ 138,147 bilhões ou 1,3% do PIB. Em termos reais, o Tesouro confirmou o avanço das despesas em 12% e o declínio das receitas em quase 3%.
As informações fiscais a serem publicadas pelo BC tratam igualmente de receitas e despesas, mas no âmbito do Governo Geral – mais abrangente e de grande relevância. A consolidação desses dados traduz o comportamento das contas públicas brasileiras como referência oficial, dentro e fora do país junto a organismos multilaterais, sobre o cumprimento da meta fiscal perseguida pelo governo.
Na seara da atividade econômica – também relativa a dezembro e a 2023 – o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará na quarta-feira, 7 de fevereiro, sua pesquisa de vendas no varejo; e, na sexta, 9 de fevereiro, o desempenho do setor de serviços.
As projeções de mercado para varejo e serviços apontam declínio em dezembro. Trajetória que, se confirmada, reforçará a expectativa prevalente de que a economia enfraqueceu no quarto trimestre do ano passado que terá resultado oficial – representado pelo PIB – conhecido apenas em março.
Trabalho resiliente e consumidor desconfiado
Fevereiro chegou ao calendário com estatísticas atualizadas do mercado de trabalho. Na terça-feira e na quarta, 30 e 31 de janeiro, o Ministério do Trabalho e Emprego e o IBGE divulgaram dados de 2023 que corroboraram a avaliação de que o mercado de trabalho desacelera, mas segue resiliente.
O Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou fechamento de vagas formais em dezembro e criação de cerca de 1,5 milhão de postos no ano – queda de 27% ante 2022. A Pnad Contínua acusou queda da taxa de desemprego à média de 7,8% no ano, a menor variação desde 2014.
Na quinta-feira, 8, caberá também ao IBGE abrir a agenda oficial de inflação do novo ano. O IPCA de janeiro deve avançar 0,50% no mês – ligeiramente inferior aos 0,56% de dezembro – e cravar 4,59% em 12 meses, calcula a LCA Consultores.
Confirmada, a estimativa manterá a inflação praticamente na meta. Colada ao teto do intervalo de tolerância determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Neste ano, a meta é de 3% com variação de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo com o objetivo de acomodar choques de preços.
Também referentes ao início de 2024, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) publicou, nos últimos dias, indicadores de confiança. Embora abaixo dos 100 pontos – marca de neutralidade – a confiança no comércio, em serviços e na indústria subiu em janeiro. Trajetória semelhante foi observada na confiança empresarial que se mostra positiva por bons motivos.
Na quinta-feira, 1 de fevereiro, a S&P Global divulgou o Índice Gerente de Compras do setor industrial brasileiro que saltou de 48,4 em dezembro para 52,8 em janeiro – por maior atividade de clientes, melhores condições de demanda e aumento de pedidos nas fábricas informou a consultoria.
Na contramão, o Índice de Confiança do Consumidor monitorado pela FGV Ibre caiu, em janeiro, ao menor nível em oito meses. Embora diferentes setores apostem no aumento da demanda à frente – graças ao mercado de trabalho, aumento de salários e da massa de rendimentos impulsionada por programas sociais – famílias de todas as faixas de renda estão ressabiadas. Esperam mais corte de juro, mais crédito e menos inadimplência. Aliás, o governo também.