Elon Musk está pronto para mostrar a investidores e clientes o que espera para o futuro da Tesla. Mas parte do que vislumbra não tem nenhuma ligação com um novo veículo ou qualquer questão a relacionada a carros. À frente da montadora americana, o bilionário pretende exibir aos convidados um robô humanoide criado para realizar tarefas cotidianas.

Nesta sexta-feira, 30 de setembro, a Tesla vai realizar um evento para convidados no qual a maior atração será a apresentação oficial de seu robô chamado de Optimus. Musk acredita que, no futuro, a Tesla será mais conhecida por ser uma empresa fabricante de robôs deste tipo do que propriamente de automóveis.

Com o nome do personagem mais conhecido da franquia Transformers, o robô da Tesla tem previsão de ser utilizado na realização de tarefas perigosas, chatas e repetitivos. Isso inclui, por exemplo, o transporte de cargas de um ponto a outro dentro de fábricas ou o aperto de um determinado parafuso.

A expectativa é de que os robôs evoluam com o tempo. Musk já afirmou em algumas ocasiões que espera que as máquinas sejam utilizadas em casas, façam jantares e até possam cuidar de idosos. Outra possibilidade especulada pelo bilionário é de que esses robôs possam ter relações amigáveis e até sexuais com humanos.

Nada disso, porém, é garantido. Como os primeiros testes ao vivo devem ser feitos nesta sexta-feira e transmitidos no canal da companhia no YouTube, existe, claro, a possibilidade de que falhas aconteçam.

Não seria a primeira vez que Musk ficaria em uma saia justa ao vivo. Em 2019, o executivo pediu que um funcionário atirasse uma bola de beisebol contra o vidro da caminhonete Cybertruck para provar a resistência do material. O vidro rachou.

O AI Day, como está sendo chamado o evento dessa noite, também deve trazer novidades sobre direção autônoma. Musk já disse que espera que a empresa domine a tecnologia neste ano e possa iniciar a produção de táxis autônomos até 2024. Vale lembrar, no entanto, que o executivo previu anteriormente que isso aconteceria ainda em 2020.

De qualquer forma, o mercado parece ansioso com as novidades. As ações da Tesla estavam sendo negociadas com alta próxima de 1% por volta das 13h. Avaliada em US$ 848 bilhões, a companhia automotiva perdeu cerca de 32% de valor de mercado desde o começo do ano.

Entre os especialistas, o sentimento não é de tanto otimismo. No ano passado, o analista Dan Ives, da Wedbush, gestora que está entre as instituições que mais enxergam uma potencial valorização das ações da Tesla, classificou o movimento em direção aos robôs humanoides como uma tentativa de “distração” para tirar o foco sobre os outros desafios que a Tesla tem em seu negócio.

"Embora apreciemos a visão de tecnologia de longo prazo de Musk, um robô da Tesla não é o que os investidores querem ver, mas, sim, muito mais foco em questões como (a escassez de) chips, veículos autônomos e em reacelerar a demanda chinesa por veículos elétricos, um mercado chave, em um momento crítico", disse o analista na época.

Uma das preocupações da Tesla no curto prazo será mostrar aos investidores que a companhia vai conseguir entregar um volume satisfatório de veículos neste trimestre. O mercado espera que as vendas da empresa neste trimestre fiquem 350 mil e 370 mil unidades. No segundo trimestre foram 310 mil veículos comercializados. Os resultados devem ser divulgados neste fim de semana.

Outras dores de cabeça que Musk vem enfrentando com a Tesla estão relacionadas ao crescimento de suas rivais no mercado de carros elétricos. Em junho, Herbert Diess, CEO da Volkswagen, disse que a montadora alemã poderá ultrapassar a Tesla em 2025. É um caminho já trilhado pela chinesa BYD, investida por Warrent Buffet, que vendeu mais carros do que a montadora de Musk no primeiro semestre deste ano.