A apresentadora Oprah Winfrey e a cantora Katy Perry acabam de entrar para o elenco estrelado de investidores da Apeel Sciences, uma foodtech americana que quer reescrever a narrativa do desperdício de alimentos com sua fórmula orgânica que aumenta a vida útil de frutas e legumes.
As duas celebridades participaram de uma rodada de investimento que captou US$ 250 milhões e contou com os recursos do Fundo Soberano de Cingapura. A ideia é dar um impulso global para a startup, considerada uma das foodtechs mais badaladas do Vale do Silício.
Desde sua fundação, em 2012, na cidade de Santa Bárbara, na Califórnia, a startup já levantou mais de US$ 360 milhões com fundos como Andreessen Horowitz, S2G Ventures e Viking Global Investors. O começo da empreitada da Apeel foi financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates.
"Esse dinheiro vai permitir que nossa operação ganhe escala em ritmo acelerado e fazer com que estabeleçamos novas parcerias com produtores e varejistas no mundo todo", diz o fundador da Apeel, James Rogers, ao NeoFeed.
A Apeel já tem contratos vigentes com varejistas nos Estados Unidos, na Alemanha, na Dinamarca e em algumas regiões da América Central e América do Sul, mas o Brasil não faz parte da parte da lista – ainda. Mas a startup não é a única neste segmento.
Outra empresa americana faz o mesmo que a Apeel, criando uma película protetora nas frutas. Trata-se da Hazel Technologies, fundada em Chicago, em 2015, que já recebeu US$ 17,8 milhões em investimentos.
Os crescimentos dessas empresas são embalados pelo boom das foodtechs, que devem movimentar cerca de US$ 250 bilhões em 2022, segundo levantamento da Research and Markets. Nesta conta, entram as startups e as gigantes do setor como Tyson Foods, JBS, Nestlé, entre outras companhias que estão investindo com força neste segmento.
São apostas em tecnologias disruptivas, como as "carnes" de proteínas vegetais desenvolvidas em laboratórios por marcas como Impossible Foods, que já levantou US$ 700 milhões em investimentos, e a Beyond Meat, que vale US$ 10 bilhões na bolsa; e pela automatização de redes como McDonald's e Pizza Hut, que conseguem operações mais baratas e eficientes.
Além disso, grandes empresas de tecnologia se voltam também para a área de alimentos. A Microsoft investiu no projeto "A Grande Fazenda", que pretende desenvolver uma plantação basicamente autônoma até 2025. O bilionário Jeff Bezos, fundador da Amazon e dono da cadeia Whole Foods, por sua vez, é investidor da NotCo.
Todas essas apostas foram ainda catalisadas pela pandemia da Covid-19, que salientou a importância de uma rede sadia de produção e distribuição de alimentos.
"A tecnologia da Apeel tem sido muito procurada, pois aumenta a resiliência da cadeia de alimentos frescos, permitindo produtos mais duradouros e flexibilidade operacional. Quando agricultores, varejistas e consumidores têm mais tempo com produtos frescos, isso significa que os produtores podem ser mais flexíveis em suas operações, reduzindo drasticamente o desperdício em todas as etapas", explicou a empresa.
A Apeel desenvolve e produz uma solução líquida, aprovada pelo FDA (órgão equivalente à Anvisa), que é aplicada aos alimentos e prolonga em duas ou três vezes sua vida útil.
Essa fórmula funciona como uma "segunda pele" nas frutas e legumes, sem alterar seu sabor, aparência ou valor nutritivo. “Não há absolutamente nada em nossa fórmula que você não consuma em uma mordida de fruta ou legume todos os dias. Os alimentos continuam orgânicos”, diz Rogers.
Segundo ele, não existe uma única fórmula para todos os produtos – cada alimento precisa de sua própria receita. Um dos exemplos mais celebrados pela Apeel é o caso do limão caviar, muito comum na Austrália.
A fruta raramente chegava aos mercados americanos porque seu "tempo de prateleira" não passava de sete dias. Com a fórmula da startup, porém, o limão caviar pode ser consumido em até 25 dias úteis.
Os alimentos que trazem essa solução da Apeel são identificados apenas por um pequeno selo e seu preço final continua o mesmo. "Nós oferecemos esse serviço para os produtores, sem nenhum custo adicional para supermercados ou consumidores finais", disse Rogers.
Embora não revele as cifras, o executivo explica que a lógica por trás desse modelo de negócio tem a ver com a possibilidade de expansão dos produtores, que podem atingir novos mercados com alimentos mais duradouros.
Além de quebrar a barreira do tempo e da distância, os produtores, por tabela, colaboram para a drástica redução do desperdício: houve uma redução de 50% no desperdício dos alimentos que usaram a fórmula da Apeel Sciences.
O nome da startup, aliás, é feito a partir da união de duas palavras. "Apeel" tem o mesmo som da palavra inglesa appeal, que significa “apelo”, ao mesmo tempo que faz uma brincadeira com o termo peel, que quer dizer casca em inglês.
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