A queda dos juros para patamares historicamente baixos nos últimos anos trouxe desafios para as assets tradicionais, especialmente aquelas ligadas aos grandes bancos. Começaram a surgir novas gestoras no mercado, e a chegada de plataformas de investimentos detonou um movimento de saída de clientes até então cativos. 

Provocada pela nova dinâmica de mercado e pelo novo cenário para investimentos, a Bradesco Asset, a gestora do Bradesco, vem trabalhando nos últimos anos para ampliar e sofisticar sua oferta de produtos. Agora, ela estabeleceu uma meta: alcançar a emblemática marca de R$ 1 trilhão em recursos na asset em dois anos. 

“Estamos fortalecendo a posição da asset como alguém capaz de prover uma gama completa de produtos aos clientes e investidores do mercado local”, diz Roberto Paris, diretor executivo do Bradesco ao NeoFeed. “É uma visão da organização [Bradesco] de que essa é uma indústria que precisávamos olhar com carinho e com atenção.”

Atualmente, a Bradesco Asset conta com R$ 560 bilhões em recursos sob gestão em fundos de investimentos. Se considerar carteiras administradas e fundos de fundos (FoF), o montante passa para mais de R$ 700 bilhões.

No ranking de gestores de fundos de investimento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), ela ocupa a terceira posição, atrás da BB Asset Management, com R$ 1,4 trilhão, e da Itaú Asset Management, que tem R$ 842,4 bilhões. 

Para conseguir alcançar a marca trilionária, a Bradesco Asset está apostando na diversificação de sua carteira. Neste sentido, a gestora lançou nesta quarta-feira, dia 19 de outubro, um fundo de crédito privado high yield cujas cotas serão negociadas na B3.

Com ticket BRHY11, ele traz em seu portfólio títulos de renda fixa que buscam maior retorno nominal por meio de emissões menos conservadoras de empresas locais, voltado ao investidor profissional. 

Entre os ativos nos quais o fundo aloca estão os títulos de dívida corporativa de emissores com maior risco, crédito bancário, cotas sêniores e produtos estruturados, como Fidcs. Segundo Paris, ele é destinado ao investidor que busca um pouco mais de “pimenta” para sua carteira de investimentos.

Fundos de crédito são um dos caminhos que a Bradesco Asset está tomando para oferecer produtos, diante das demandas dos investidores por produtos alternativos para elevar a rentabilidade de sua carteira e das mudanças vistas no mercado de crédito, com o setor privado ocupando espaços deixados pelo setor público na parte de financiamentos. 

“Produtos de crédito apresentam uma boa demanda e existe uma gama ampla de crédito disponível no mercado”, disse Bruno Funchal, ex-secretário do Tesouro e que assumiu como CEO da gestora em maio.

A Bradesco Asset está também buscando exemplos de investimentos no exterior para replicar no Brasil. Nos Estados Unidos, a gestora observou a participação relevante que os fundos de índice (ETFs) têm no mercado e considera esta estratégia uma possibilidade.

A gestora está também de olho em renda variável e multimercado, diante das boas perspectivas para a economia brasileira, que está encerrado o ciclo de aperto monetário. 

Segundo Funchal, a Bradesco Asset pretende lançar novos produtos em 2023. Não querendo entrar em detalhes por questões estratégicas, ele afirmou que planeja disponibilizar dois novos produtos no começo do próximo ano, um deles na linha de ETFs. 

“É um processo contínuo, a gente se provoca muito, perguntando sobre o que está sendo feito lá fora, o que a gente pode trazer para cá que é novo, ou mesmo como é que o mercado está mudando”, afirmou Funchal.

Ele disse ainda que os novos produtos visam a mudar também a percepção de que a Bradesco Asset é boa apenas na gestão de Previdência.