O ano de 2021 foi só alegria na Nasdaq. No início de novembro, a montadora de carros elétricos Rivian captou cerca de US$ 10,5 bilhões no IPO. O sucesso da oferta pública inicial coroava um período de recordes na bolsa de valores americana.

A euforia, no entanto, não duraria muito. De lá para cá, a indústria de tecnologia vem amargando perdas gigantescas. Nos últimos 12 meses, os investidores viram o valor das companhias da bolsa eletrônica americana derreterem cerca de US$ 7,14 trilhões, segundo cálculos feitos pela CNBC.

Nenhuma das 15 empresas mais valiosas listadas na Nasdaq se valorizou em 2022. A Microsoft, por exemplo, perdeu US$ 700 bilhões em valor de mercado. A Meta (ex-Facebook), US$ 600 bilhões. Apple, Alphabet, Amazon e Tesla também viram seus valores de mercado se reduzirem.

Pela primeira vez, em quase duas décadas, o Nasdaq Composite está prestes a perder para o S&P 500, o índice que reúne as ações das 500 maiores empresas listadas nos EUA, reproduzindo um cenário da época do estouro da bolha pontocom, entre 2000 e 2006.

No total, 130 mil funcionários do setor de tecnologia perderam seus empregos. Durante o ano, as big tech apareceram no noticiário de uma maneira até então inédita: cortando custos, demitindo, congelando novas contratações e adiando projetos.

A recessão econômica tem, claro um impacto importante para essas perdas. Mas a crise tem particularidades muito específicas do setor. O mea culpa recente de Mark Zuckerberg é exemplar de como a nova realidade se impôs.

Ao anunciar a demissão de 11 mil funcionários, ele reconheceu que se deixou levar pelo aumento das receitas durante a pandemia do novo coronavírus. Por causa do isolamento social, sem ter para onde ir, humanidade se trancou no mundo virtual.

Como se veria mais tarde, o tão decantando “novo normal”, em muitos aspectos, voltou à antiga normalidade, afetando não só a Meta como quase todas as empresas que haviam surfado a onda que fez com que as pessoas consumissem mais serviços online.

“Muitas pessoas diziam que essa aceleração seria permanente, mesmo com o fim da pandemia. Eu também. Então, tomei a decisão de aumentar significativamente nossos investimentos. Infelizmente, não aconteceu do jeito que eu esperava”, disse o fundador da Meta.