Com um patrimônio de cerca de R$ 1,2 trilhão, os fundos de pensão são os principais players institucionais do País, com investimentos pesados nas mais diversas classes de ativos financeiros. Mas há uma frente em que eles ainda estão bastante tímidos: os ativos internacionais.
As fundações têm atualmente cerca de R$ 7,5 bilhões alocados no exterior, o que representa apenas 0,6% do seu patrimônio. É muito pouco, considerando que a regulação da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) permite que elas cheguem a 10%.
Diante do espaço que existe para expandir essa alocação e vendo a internacionalização cada vez mais na pauta desses investidores, a Arbor Capital está em campanha para capturar parte desta demanda, que pode ajudar a cumprir com a meta da casa de dobrar o volume de ativos sob gestão ao fim de 2024, para cerca de R$ 700 milhões.
“Tem toda uma questão de consciência das fundações de que estar comprado apenas em ações e renda fixa brasileira não é um portfólio ótimo”, diz Leonardo Otero, cofundador e sócio da Arbor, ao NeoFeed. “E, para nós, o mercado de pensão tem a chance de ser uma das principais fontes de crescimento nos próximos anos.”
Para alcançar esses investidores, a gestora carioca conta com a orientação de Marco Tulio Coutinho, vice-presidente de clientes institucionais da Brunel Partners. Ele atuou por quase nove anos como portfolio manager responsável pelos investimentos alternativos e offshore da Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa, que possui cerca de R$ 100 bilhões em recursos investidos.
Com conhecimento dos pormenores de como a estratégia de investimentos é construída, Coutinho está ajudando a Arbor a se preparar para a diligência de escolha das gestoras que vão tocar os investimentos.
As fundações fecham seus planos quinquenais de investimentos no fim do ano, com a definição das classes de ativos em que pretendem investir. Eles precisam ser aprovados pela Previc, para serem implementados a partir de 1º de janeiro. Depois disso, vem a escolha das gestoras.
“As instituições, os fundos de pensão, precisam que a parte de burocracia esteja robusta, com a gestora mostrando que ela é investível, que atende a regulação, que consegue passar na diligência da Previc”, afirma Coutinho.
Por isso, antes de conversar com os fundos, a Arbor ajustou o regulamento de seu fundo de ações, o Arbor FIC FIA, para garantir que ele esteja aderente às necessidades das regulações das fundações. O fundo investe em ações no exterior, mas, antes, as regras também permitiam aportes em crédito privado e outros tipos de ativos que não fazem sentido para o fundo de pensão que pensa em investir em renda variável lá fora.
“Fizemos os ajustes necessários e agora estamos batendo na porta das fundações, apresentando a Arbor, explicando a casa, mostrando os retornos, para que, quando chegar o momento da diligência, ela esteja com todos os documentos prontos”, diz Coutinho.
Se tudo der certo, a expectativa é de que os primeiros cheques comecem a ser assinados no primeiro semestre. A aposta da Arbor nos institucionais para dobrar o volume de ativos sob gestão vem do fato de que, com alguns poucos aportes, a casa já cumpre com sua meta.
“Nenhuma fundação faz cheque de centenas de milhares, é sempre de milhões para cima”, diz Coutinho. “Quando se fala das maiores, eles não olham para menos de R$ 30 milhões, R$ 40 milhões.”
Para Otero, o momento é favorável para as fundações começarem a olhar o mercado no exterior. Com a curva de juros começando a fechar nos Estados Unidos, a tendência é de uma retomada do mercado acionário, com muitos ativos a preços atrativos.
Ele reconhece que a Arbor deve concorrer com grandes nomes do mercado, como BlackRock, Morgan Stanley e J.P. Morgan. Mas acredita que existe espaço para casas como a Arbor capturarem uma parcela dos recursos, considerando que existem no País em torno de 245 Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) e o fato de a gestora ser uma casa brasileira focada em investimentos internacionais.
“Nesses caras de trilhão de dólares, tem umas 17 pessoas entre o gestor e a fundação, enquanto a gente pode fazer um ‘pós-venda’ melhor, falar o que está fazendo, ter mais proximidade”, diz o Otero.
Além disso, ele destaca que a casa possui um histórico mais extenso, o que dá às fundações mais tranquilidade em relação à experiência com investimentos internacionais. Fundada em 2014, a gestora apresenta um retorno acumulado de 315% no Arbor FIC FIA nos últimos cinco anos.